Summary: | Este trabalho analisa a evolução dos gastos públicos reais em Portugal no período posterior à II Guerra Mundial e procura estimar as elasticidades associadas a determinantes que expliquem o comportamento denotado. Recorre, para o efeito, a um sistema AIDS aplicado à Teoria do Eleitor Mediano, tendo em atenção as propriedades estatísticas dos dados utilizados. Assim, recorre-se à análise de cointegração com séries I(1) e séries I(2), o que não é frequente nos trabalhos desenvolvidos sobre o objecto. Como resultados mais relevantes, destaca--se que os gastos do Estado português não evoluíram de uma forma constante no período observado, conhecendo períodos de crescimento mais elevado entre 1960 e 1980. Encontram-se várias relações de longo prazo, nomeadamente, a existente entre os gastos públicos reais, enquanto proporção do Produto Interno Bruto real, e o Número de Desempregados em Sentido Lato, o Número de Funcionários da Administração Central, a Taxa de Abertura da Economia Portuguesa ao Exterior e as Transferências correntes reais por pessoa. Estes resultados são consistentes com algumas teorias explicativas do crescimento dos gastos públicos, nomeadamente, o papel dos grupos de interesse, a pressão da burocracia, a instrumentalização da finalidade redistributiva do Estado e a permeabilidade das decisões públicas a influências externas, derivadas da contextualização numa economia, pequena em volume, mas significativamente integrada na Economia Mundial.
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