Summary: | Introdução: A identificação dos pacientes diabéticos em risco de desenvolver úlceras do pé, e a necessidade da implementação de medidas preventivas justifica-se pela frequência e gravidade das amputações que daí resultam e as suas consequências tanto a nível médico, social e económico. Objectivos: Revisão da eficácia de métodos dirigidos a prevenção de úlceras no pé diabético. Foi realizada uma pesquisa na base de dados da Medline/Pubmed e fontes documentais de referência. Não foram colocados limites temporais à pesquisa. Desenvolvimento: A prevenção de ulceração no pé diabético inicia-se pela pesquisa da neuropatia e baseia-se essencialmente no teste do Semmes-Weinstein monofilamento 10g, sendo a perda da sensibilidade termo-álgica o principal factor de risco. A doença vascular periférica associada a isquémia tecidular, é um factor agravante e deve ser estudada pela medição regular do índice tornozelo-braço, podendo necessitar de um estudo complementar pela determinação da pressão parcial de oxigénio transcutânea. Essas medidas juntamente com a elaboração de uma história clínica e de um exame físico minucioso na pesquisa de lesões pré-ulcerativas, completado pelo exame sistemático do calçado, permite aos profissionais de saúde estratificar o risco lesional e determinar qual o tipo de intervenção a por em prática. A graduação do risco faz-se em 4 graus. Os graus 2 e 3 justificam cuidados prioritários. As medidas interventivas passam essencialmente pela educação do paciente diabético, centrada na sensibilização do doente e familiares quanto a perda da sensibilidade termo-álgica e suas consequências e quais os cuidados de higiene a terem em conta. Outras medidas preventivas incluem a optimização do controlo glicémico e o tratamento de outros factores de risco cardiovasculares, cuidados podológicos nomeadamente o desbridamento de calos e tratamento de onicomicoses. Doentes com deformações dos pés apresentando evidências de grande pressão plantar beneficiam do uso de palmilhas e/ou calçado a medida. Casos seleccionados podem beneficiar de intervenções cirúrgicas. Conclusão: Realça-se a importância do rastreio de todos os pacientes diabéticos quanto ao risco de desenvolver lesões do pé. As medidas interventivas a serem postas em prática devem ser adaptadas ao risco lesional e ao paciente. Baseiam-se numa abordagem multidisciplinar sendo essencial a criação de consultas profilácticas nos cuidados de saúde primária, já incluídas no Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes.
|