Resumo: | A diversidade cultural, social, étnica, é cada vez mais uma realidade bem presente na sociedade atual. Podemos dizer que se caminha, em largos passos, para uma sociedade pluricultural e pluriétnica com um mosaico cultural muito diversificado. Esta realidade coloca desafios a diferentes níveis e em diferentes esferas da sociedade. A escola, como instituição social que é, não fica indiferente a este fenómeno. e eis-nos chegados à existência de novos desafios educativos. O público escolar, manifestamente heterogéneo, procura conviver na diferença, adaptar-se face à(s) diversidade(s) e integrar-se socialmente. Este encontro de culturas, de crianças de diferentes origens, não deve constituir um obstáculo ou um problema, mas sim uma forma de enriquecimento mútuo. A educação para a cidadania poderá ser pedra angular em todo este processo. E por isso, em ambiente educativo, acredita-se, que se educa para a cidadania pela via da cidadania. Ou seja, a cidadania trabalhada em contexto escolar poderá fomentar comportamentos interculturais, reforçando atitudes tolerantes, solidárias e respeitosas com a(s) diversidade(s); contribuir para o sucesso educativo de todos, proporcionando uma formação holística, consubstanciada em princípios de igualdade, em princípios da dignidade humana e na cultura democrática. Ora, e partindo do pressuposto que a cidadania se deve fundamentar numa atitude intercultural é nosso objetivo refletir acerca do relacionamento interpessoal das crianças com o "outro", na tentativa de promover os pressupostos da educação intercultural. O estudo recorreu à entrevista semiestruturada a 38 crianças com 9 e 10 anos de idade do 4.º ano de escolaridade de duas turmas do 1.º ciclo do ensino básico. A análise dos dados revela que as crianças reconhecem a existência de atitudes menos positivas com aquele que é “não é igual a nós”, embora nenhuma delas tenha admitido ser um agente capaz de discriminar. Decorre ainda dizer que os discursos apontam na direção da aceitação, compreensão e inclusão do “outro”, quer nas atitudes, quer nas posturas adotadas por estas crianças. De uma maneira geral podemos afirmar que estas crianças estão a ser educadas para serem cidadãs interessadas e envolvidas na promoção da justiça social e na erradicação da exclusão em todas as suas formas.
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