Summary: | Este artigo propõe-se traçar, para o caso português, um breve esboço do percurso histórico das escolas de formação de professores para o tradicionalmente designado ensino primário a partir do momento em que iniciaram o seu funcionamento regular na segunda metade do século xix. Inicialmente conhecidas por Escolas Normais Primárias, estas instituições passaram, em 1930, a denominar-se Escolas do Magistério Primário. Vieram a ser extintas, já em plena democracia, na segunda metade dos anos 80, vindo o lugar até aí por elas ocupado a ser preenchido pelas atuais Escolas Superiores de Educação. Procuraremos articular esse percurso com um conjunto de reflexões sobre as representações então difundidas, em particular nos contextos de formação e presentes nos respetivos manuais, acerca dos papéis sociais a serem desempenhados pelos professores de ensino primário, valores inerentes ao exercício profissional, opções pedagógicas consideradas legítimas e práticas educativas sugeridas como exemplares. Analisaremos, em particular, a importância que as conceções da Escola Nova tiveram na construção de referências identitárias durante o período republicano e a apropriação que delas foi feita pela pedagogia conservadora que circulou no Estado Novo. Teremos em conta, igualmente, o processo de feminização que marca o percurso temporal deste sector do professorado. Esboçaremos, finalmente, um modelo de análise das instituições de formação, tendo como referência o caso português.
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