Summary: | A literatura moçambicana tem vindo a desempenhar ao longo dos tempos um importante papel de valorização, consciencialização e (re) construção nacional de um país outrora colónia que busca afirmar a sua identidade, tanto no período colonial, como no pós-revolução. Com o intuito de transmitir a revolta sentida em relação às estruturas estabelecidas pelo regime colonial, questionar as configurações de poder e dominação a escrita de Lília Momplé surge como mecanismo de reflexão sobre o “não dito” da história oficial, fazendo-nos escutar um grito de revolta contra a opressão. A obra literária de Momplé desempenha um papel fulcral no desvendar do estatuto da mulher na sociedade moçambicana. Através da panóplia de personagens femininas nas três obras Ninguém Matou Suhura (contos,1988), Neighbours (romance, 1996) e Os Olhos da Cobra Verde (contos, 1997) é nos permitido explorar o papel tradicional do ser feminino e as dificuldades que as mulheres enfrentam perante as expetativas da sociedade. É no sentido de refletir sobre estes aspetos que esta dissertação se direciona. Partindo do simbolismo e evolução da mulher ao longo dos tempos, do uso da palavra como denúncia, passando pela relação entre o real e o imaginário, procede-se à análise das várias visões da mulher como ser identitário sofredor e emancipado, de forma a estabelecer a sua evolução e transformação desde os tempos coloniais até aos dias de hoje.
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