Resumo: | Este estudo visa conhecer o que sabem e o que pensam os pais/encarregados de educação (pais/EE) sobre o programa de Matemática do 1.º ciclo do ensino básico (ME, 2007) e compreender o tipo de apoio que dão aos seus educandos no acompanhamento escolar em Matemática, as dificuldades que sentem nesse papel e a forma como percecionam as repercussões da sua ação na aprendizagem desta disciplina pelos seus educandos. O enquadramento teórico está organizado em três partes: conhecimento e conceções, programa de Matemática do 1.º ciclo e envolvimento parental. A metodologia de investigação aproxima-se de uma abordagem mista, tendo-se optado como instrumentos de recolha de dados pelo questionário e pela entrevista. Os participantes do estudo são pais/EE de duas escolas com 1.º ciclo, uma do meio urbano e outra do meio rural (N=237). Os resultados deste estudo mostram que, apesar de alguns pais/EE não terem tido conhecimento do início da implementação deste programa de Matemática, a maioria verificou mudanças nas aprendizagens matemáticas realizadas pelos seus educandos, observadas na interação com eles em casa e nos manuais escolares. As principais alterações que são do conhecimento dos pais/EE prendem-se com o destaque dado às capacidades transversais, como a resolução de problemas e o raciocínio matemático, e no campo dos Números e Operações, as estratégias de cálculo mental. Os pais/EE assinalaram também que este programa apela a um trabalho mais compreensivo e menos mecanizado por parte dos alunos. Assim, em termos de apreciação do programa, os pais/EE têm uma opinião positiva deste documento curricular. O estudo permite também concluir que, em relação ao apoio parental, não se verificam diferenças substanciais entre os pais/EE dos dois meios estudados. Este apoio, dos pais/EE aos seus educandos, é essencialmente prestado em casa, na criação de métodos de trabalho, esclarecimento de dificuldades e ao estabelecimento de horários de estudo. As dificuldades que estes pais/EE evidenciam no apoio que prestam aos seus educandos situam-se nas capacidades transversais (fundamentalmente na resolução de problemas), no cálculo mental e na Geometria. Alguns inquiridos, de ambos os meios, alegam ainda falta de tempo, incompatibilidade de horários ou desconhecimento dos novos métodos de ensino como obstáculos ao seu apoio. No entanto, a maioria concorda com a existência de melhorias nos resultados escolares de Matemática dos seus educandos em virtude da sua ajuda. Apesar das dificuldades manifestadas, os pais/EE consideram que têm um papel importante na aprendizagem dos seus educandos em Matemática. Para os pais/EE participantes no estudo, todo o tipo de ajuda que os seus educandos possam usufruir em casa é útil e fundamental. Os pais/EE referem que os alunos, ao sentirem-se apoiados, tornam-se mais responsáveis, motivados e seguros, ajudando-os também a valorizar a escola. Os pais/EE consideram, ainda, que este acompanhamento é indispensável para o futuro dos educandos.
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