Resumo: | Só aparentemente me pareceu fácil escrever uma pequena biografia, ou melhor, apontamentos biográficos, de Raul Cunca. De facto, nunca escrevi qualquer biografia, nem deverei voltar a fazê-lo, por ser tarefa demasiado arriscada. Por defeito de formação, imaginei estas referências escritas à maneira de Vasari, com nomes de pessoas com as quais Raul se foi encontrando ao longo da vida e com objetos que o definiram como indivíduo e designer. O risco destas notas advém da amizade que me liga ao Raul desde a década de 80 do século passado, quando fomos colegas, e rapidamente começámos a estudar juntos para a cadeira mais assustadora, sem dúvida, da então Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa: Geo - metria Descritiva. Na casa do Raul ou na minha, e durante quase todos os fins de semana de um longo ano letivo, fizemos exercícios e mergulhámos em matérias que, apesar de interessantes, ocupavam um lugar pouco estimulante nas nos - sas cabeças. No espírito de Raul, naturalmente, o Design de Equipamento há muito fazia parte do seu universo conceptual e criativo. É curioso que nunca consegui imaginar o Raul Cunca ser outra coisa que não designer. Julgo mesmo que ele parece já ter nascido com essa profissão. Também tive sempre a sensação de que tudo o que Raul faz, usa ou veste é de algum modo design, bom design, diga-se, e que está permanentemente a ensinar-nos a ser designers e, mais importante, melhores designers
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