Resumo: | Os problemas de saúde e a consequente perda de independência dos idosos, a falta ou a insuficiência de recursos habitacionais, o isolamento e a solidão são fatores que contribuem para a institucionalização na terceira idade. Surge igualmente um outro motivo para a procura de lar de extrema importância: incapacidade dos cuidadores familiares em prestar cuidados a pessoas idosas dependentes. Atualmente, cuidar de um idoso dependente no seu meio e mantê-lo no seu domicílio nem sempre é possível, pois as transformações que têm vindo a ocorrer nas estruturas familiares e sociais(envelhecimento demográfico, aumento dos índices de morbilidade, aumento generalizado do número de divórcios, participação crescente da mulher no mercado de trabalho, diminuição das taxas de natalidade e do número de filhos por casal, por exemplo) influenciam negativamente a total assunção das responsabilidades do cuidar que outrora pertenciam de forma natural à rede de parentesco e criam portanto algumas limitações no que respeita à prestação de cuidados familiares. Com o objetivo de compreender a relação entre a incapacidade dos cuidadores familiares em dar resposta às necessidades de bem-estar dos idosos dependentes e a institucionalização em lares da terceira idade e ainda com o intuito de conhecer a perceção dos idosos e dos seus cuidadores acerca desta política social, delineou-se uma pesquisa de natureza qualitativa e aplicaram-se vinte e quatro entrevistas semi-estruturadas, nomeadamente a idosos institucionalizados, respetivos cuidadores e diretoras técnicas e ajudantes de lar. O estudo incidiu sobre o “Centro Social Amigos da Lardosa” e a “Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão”. Os resultados obtidos demonstraram que as necessidades e as dificuldades sentidas pelos cuidadores familiares influenciaram consideravelmente a procura de lar, designadamente as dificuldades de ordem profissional, pessoal e física e as necessidades de ajudas práticas, de tempo livre e de apoio psicossocial. Embora a institucionalização surja frequentemente como a derradeira alternativa, quando todas as outras falharam ou foram insuficientes, esta também foi percecionada como uma política que contribui para a melhoria da saúde dos idosos, a nível físico, mental e social, na perspetiva da maioria dos cuidadores familiares. Por contraste, a grande parte dos idosos institucionalizados inquiridos percecionou a entrada e a vivência no lar como uma perda de independência, autonomia e privacidade e como uma aproximação da morte, por ter ocorrido uma mudança significativa no modo de vida, no estilo de vida próprio e um afastamento com o meio social de pertença. As diretoras técnicas e as ajudantes de lar perspetivaram as problemáticas na sua generalidade e não tiveram em conta os casos específicos estudados. Ainda assim, os seus testemunhos revelaram-se fundamentais, no sentido em que sustentaram e reforçaram todas as ideias atrás expostas.
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