Resumo: | Introdução: O tabagismo é uma causa importante de doença e a eficácia da cessação tabágica atual não ultrapassa os 45% após um ano de descontinuação do consumo. Diversos ensaios clínicos têm sido realizados para avaliar a complementação da cessação tabágica com um programa de exercício físico. No entanto ainda não está estabelecido quais os tipos de exercício físico que são eficazes. Objetivo: Determinar a eficácia de programas de exercício físico como complemento à cessação tabágica convencional na abstinência. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa na PubMed de ensaios clínicos randomizados que estudassem uma intervenção de exercício físico como complementação a um programa de cessação tabágica. O risco de viés foi avaliado. O principal outcome foi a diferença na percentagem de abstinentes entre os grupos intervencionados. Outros outcomes foram o consumo tabágico diário, o ganho de peso e eventos adversos. Resultados: Foram incluídos 17 ensaios clínicos (4 com baixo risco de viés geral, 1 com algumas preocupações no risco de viés geral e 12 com alto risco de viés geral) que envolveram 3166 participantes (experimental: n=1581 vs controlo: n=1543; um estudo não discriminou esta distribuição, n=42), dos quais, 14 avaliaram um programa de exercício físico aeróbico, 1 avaliou um programa de treino de força e 2 avaliaram um programa de Yoga. 5 estudos revelaram resultados significativos no outcome principal: dois avaliaram exercício físico aeróbico vigoroso e evidenciaram que o grupo experimental tinha maior proporção de abstinentes no fim do tratamento e no followup, comparativamente com o controlo (n=281, FdT: 19.4% EF vs 10.8% C p=0.03, follow-up: 11.9% EF vs 53.4% C p=0.05; subpopulação com alta sensibilidade à ansiedade, FdT: 25.6% EF vs 11.6% C p=0.005; follow-up: 23.3% EF vs 10.2% C p=0.005); um avaliou exercício físico aeróbico vigoroso numa população com depressão e relatou uma maior percentagem de abstinentes no grupo teste no fim do tratamento, comparativamente com o controlo (n=30 FdT: 73% vs 33%, p=0.028); dois investigaram um programa de Yoga e concluíram que o grupo piloto tinha maior probabilidade de estar abstinente no final do tratamento, comparativamente com o controlo (n=55, FdT: OR =4.56, 95% CI 1.1-18.6, p=0.034; n=227, FdT: OR = 1.37, 95% CI 1.07-2.79, p=0.05) Conclusão: Evidenciaram-se benefícios promissores na associação de exercício físico a um programa de cessação tabágica, porém revelaram-se lacunas no conhecimento atual. Assim, não é possível recomendar esta intervenção na prática clínica, sendo necessários mais estudos para colmatar estas falhas.
|