Summary: | Resumo: A condição socioprofissional dos jornalistas tem sofrido profundas transformações ao longo das últimas décadas. Estas têm origem numa sucessão de crises que afetam a comunicação social no contexto de um processo combinado de liberalização e digitalização. Além de mudanças nas rotinas de produção, as redações jornalísticas sofreram operações de reestruturação, responsáveis pela recomposição da sua força de trabalho. Entre despedimentos coletivos, aumento do desemprego, contratos a prazo, “recibos verdes”, formas descontínuas e intermitentes de trabalho, baixos salários, trabalho gratuito e a reduzido custo de estagiários, a precariedade passou, aos poucos, a caracterizar a condição jornalística. A partir dos resultados do “Estudo Sobre os Efeitos do Estado de Emergência no Jornalismo no Contexto da Pandemia Covid-19”, este artigo pretende analisar as implicações destas políticas nas relações de emprego dos jornalistas. O objetivo principal é compreender em que medida é que a resposta das empresas de comunicação social a esta nova realidade representa uma reversão da lógica de precarização ou, pelo contrário, a sua aceleração. O estudo pretende, em primeiro lugar, realizar um diagnóstico das relações de emprego antes da declaração de estado de emergência (DEE) - entre março e abril de 2020 - nomeadamente a incidência de vínculos temporários e a sua relação com fatores como o género ou a idade. Num segundo momento, analisar-se-á os efeitos da DEE a este nível, principalmente no que respeita ao recurso a contratos temporários, a despedimentos ou ao lay-off.
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