Resumo: | As falsas memórias têm vindo a ganhar cada vez mais relevância no contexto forense, considerando a sua relevância jurídica para a reconstituição criminal com vista à identificação e responsabilização de ofensores. São inúmeras as variáveis que podem influenciar o processo de construção de falsas memórias. A presente investigação tem como objetivo compreender a influência da Inteligência Emocional, do Género, do Stresse e da Ansiedade na construção de falsas memórias. Para o efeito, 108 participantes voluntários foram distribuídos aleatoriamente por duas condições (crime e neutra). Cada participante, em sessões individuais, preencheu um conjunto de questionários (entre os quais a Escala WLEIS-P para aferir os níveis de inteligência emocional dos participantes), após a visualização de um vídeo (de crime ou neutro), assim como realizou uma tarefa de evocação livre para averiguar a presença de falsas memórias. Os resultados demonstraram que os níveis de inteligência emocional se relacionam estatisticamente com as falsas memórias apenas na condição neutra. Em relação aos níveis de stresse e ansiedade, verificamos que estas variáveis influenciam significativamente a inteligência emocional, mas não as falsas memórias. Relativamente ao género, verificou-se que não existem diferenças significativas no que diz respeito à IE e às FM. A presente investigação pretende contribuir para a literatura científica no contexto forense, uma vez que a compreensão do funcionamento da memória e das falsas memórias é fundamental para a atuação e intervenção do psicólogo forense, tendo em consideração que os relatos/testemunhos podem ser menos fidedignos e condicionados pelo processo de construção de falsas memórias, podendo evitar uma falsa condenação.
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