Summary: | O primeiro plano de análise do texto remete para a tipologia de Isā ibn Ŷābir sobre as categorizações sociais, marcada pela ética e escatologia islâmicas. Da teorização deste muftí e alfaquí da aljama de Segóvia, um segundo plano debruça-se sobre a concreta vivência socioeconómica das comunidades mudéjares peninsulares, tomando como base de comparação o quadro urbano de Toledo e de Lisboa, e como metodologia a análise onomástica. No primeiro caso, as atas em árabe, da confraria Ŷāmi‘ al-wadī‘a remetem para um grupo dominante, identificado em função da kunya, uma “aristocracia” (jāṣṣa) interna que se define pelo domínio da escrita e do direito islâmico. Um outro grupo, o dos artesãos, consubstancia diferentes parâmetros onomásticos, com a adoção de um apodo de profissão e, em alguns casos, com a titulatura de “mestre”. Não existe o mesmo tipo de fontes em árabe para os muçulmanos portugueses. No caso de Lisboa, porém, parece emergir igualmente uma elite letrada, cuja antroponímia se materializa numa nisba tribal, na assunção de um sentimento de pertença a uma aristocracia árabe “pura”, funcional porque assumida também pela comunidade.
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