Resistência à radioterapia no cancro colorretal

O cancro colorretal constitui o terceiro cancro mais comum e mais mortal em homens e mulheres, em Portugal. O tratamento com quimiorradioterapia é o tratamento padrão para os estádios mais avançados da doença, na medida em que promove a regressão tumoral e diminui o estadiamento T e N. No entanto, v...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Ferreira, Ana Isabel Bernardes (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2014
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10316/31494
País:Portugal
Oai:oai:estudogeral.sib.uc.pt:10316/31494
Descrição
Resumo:O cancro colorretal constitui o terceiro cancro mais comum e mais mortal em homens e mulheres, em Portugal. O tratamento com quimiorradioterapia é o tratamento padrão para os estádios mais avançados da doença, na medida em que promove a regressão tumoral e diminui o estadiamento T e N. No entanto, verifica-se que muitos doentes não respondem ao tratamento. A resistência à radioterapia tem vindo a ser investigada e têm sido testados diversos fármacos no sentido de sensibilizarem as células tumorais ao tratamento. Contudo, os mecanismos de radiorresistência ainda não são claros e a maioria dos marcadores moleculares sugestivos de radiossensibilidade ou radiorresistência não é utilizada na prática clínica para determinar a terapêutica mais adequada ao doente oncológico. Este estudo teve como objetivos estabelecer linhas celulares humanas de cancro colorretal e estudar a resposta das linhas celulares radiossensíveis e radiorresistentes após tratamento com radioterapia e com quimiorradioterapia in vitro e in vivo. Para estudar a radiorresistência, foram utilizadas duas linhas celulares humanas de cancro colorretal, a linha celular C2BBe1 e a linha celular WiDr. A indução de resistência foi feita através da administração semanal da dose de 2 Gy, em frações cumulativas, com um acelerador linear Clinac 600, Varian. Durante a indução de resistência, foi avaliada a resposta à radioterapia das linhas celulares nativas e das linhas celulares derivadas, através da irradiação das células com doses únicas de 0, 2, 4, 6, 8 e 10 Gy; e obtiveram-se curvas dose-resposta. Estabelecidas as linhas celulares derivadas resistentes à radioterapia, procedeu-se ao estudo da sua resposta, bem como da resposta das linhas celulares nativas, após tratamento com radioterapia (2 e 10 Gy), com quimioterapia (20 μM 5-fluorouracilo) e com quimiorradioterapia (tratamento combinado de 20 μM 5-fluorouracilo e as mesmas doses de radiação dos tratamentos isolados). A atividade metabólica foi avaliada às 24, 48, 72 e 96 horas, através do ensaio do sal brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil)tetrazólio; a sobrevivência celular foi avaliada 12 dias após os tratamentos, com a realização do ensaio clonogénico; os danos no ácido desoxirribonucleico foram avaliados através do ensaio cometa imediatamente após os tratamentos; e a viabilidade, os tipos de morte celular e o stresse oxidativo foram avaliados com recurso a citometria de fluxo, 96 horas após os tratamentos. Para além destas técnicas, procedeu-se à realização de um protocolo de eletroforese bidimensional para avaliar a expressão proteica das linhas celulares WiDr, sensível e resistente à radioterapia. Por fim, estabeleceram-se modelos animais heterotópicos e avaliou-se a resposta dos xenotransplantes das linhas celulares WiDr sensível e resistente à radioterapia após tratamento com quimiorradioterapia (tratamento combinado de 66,6 mg/kg 5-fluorouracilo e 2 ou 10 Gy). Foi possível estabelecer duas linhas celulares derivadas da linha celular WiDr, WiDr/6x e WiDr/10x, após seis e dez frações cumulativas de 2 Gy, respetivamente. A linha celular C2BBe1 demonstrou possuir resistência intrínseca à radioterapia, não tendo sido possível aumentar essa radiorresistência. O tratamento com radioterapia e quimiorradioterapia produziu efeitos diferentes nas linhas celulares estudadas, sendo que a linha celular C2BBe1 foi maioritariamente afetada após quimiorradioterapia, no que diz respeito à sobrevivência, proliferação e danos no ácido desoxirribonucleico. Por outro lado, apresentou-se resistente aos tratamentos de radioterapia isolada. No que diz respeito às linhas celulares WiDr e derivadas, as últimas demonstraram maior atividade metabólica, sobrevivência e viabilidade celular, sobretudo nos tratamentos com maior dose de radiação. Contudo, não se verificaram diferenças significativas ao nível do stresse oxidativo e as linhas celulares resistentes demonstraram mais danos no ácido desoxirribonucleico do que a linha parental. Verificaram-se diferenças na expressão de proteína entre a linha celular WiDr e a linha celular WiDr/10x. Relativamente aos estudos in vivo, foi possível estabelecer dois modelos heterotópicos de cancro colorretal, com xenotransplante das linhas celulares WiDr e WiDr/10x. A comparação entre a resposta dos tumores sensíveis e dos tumores resistentes à radioterapia não revelou diferenças. Afigura-se que os estudos in vitro e in vivo deverão continuar com o intuito de compreender melhor os mecanismos de resistência à radioterapia.