Panorama da saúde ocupacional existente no setor da veterinária em Portugal (2017/8)

Introdução/ enquadramento/ objetivos Os Médicos Veterinários e os profissionais que com eles colaboram (Enfermeiros Veterinários e Auxiliares Veterinários) estão sujeitos a inúmeros riscos ocupacionais. É objetivo deste estudo caraterizar a sua perceção relativa à existência de riscos e fatores de r...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Santos, M. (author)
Outros Autores: Lopes, C. (author), Oliveira, T. (author), Almeida, A. (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2021
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.14/33859
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/33859
Descrição
Resumo:Introdução/ enquadramento/ objetivos Os Médicos Veterinários e os profissionais que com eles colaboram (Enfermeiros Veterinários e Auxiliares Veterinários) estão sujeitos a inúmeros riscos ocupacionais. É objetivo deste estudo caraterizar a sua perceção relativa à existência de riscos e fatores de risco laborais, a utilização que fazem dos equipamentos de proteção individual, a sua suscetibilidade a acidentes de trabalho e doenças profissionais, a exposição ao stress laboral e o recurso à equipa de saúde ocupacional. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo, correlacional, de carater transversal, realizado após a aplicação de um inquérito online, com recurso a uma técnica de amostragem por conveniência, que contou com a colaboração de associações, sindicatos, clínicas veterinárias, bem como algumas empresas de saúde ocupacional. A recolha de dados ocorreu entre junho de 2017 e março de 2018 e o valor final da amostra representa o número de Médicos, Enfermeiros e Auxiliares Veterinários que trabalham em clínicas/ hospitais veterinários que se prontificaram a responder anónima e voluntariamente ao inquérito. Resultados Responderam 91 indivíduos tendo sido validados 90 inquéritos (eliminou-se um pela incoerência das respostas). A amostra foi constituída maioritariamente por trabalhadores do sexo feminino (87,8%), com idade inferior a 30 anos (53,3,%), com pouca experiência profissional (53,3% trabalha há menos de 5 anos) e tendo como profissão predominante a medicina (80,0%). A nível dos fatores de risco destacam-se o contacto com produtos imunoalergénicos, o stress, a manipulação de produtos químicos e o risco biológico no contacto com os animais. Relativamente aos equipamentos de proteção individual sobressaem o uso de farda e de máscara. A existência de história pessoal de acidentes de trabalho é muito frequente (93,3%), sendo muito prevalentes os traumatismos infligidos pelos animais (como mordidelas, arranhadelas ou escoriações), seguido das picadas ou cortes com objetos cortantes potencialmente contaminados. No entanto, foram escassos os casos em que existiram limitações funcionais. A nível de doenças profissionais sobressaem as lesões músculo-esqueléticas (26,7%), embora apenas um caso tenha sido declarado como suspeita de doença profissional. O stress emergiu como um fenómeno muito frequente, atingindo a quase totalidade dos trabalhadores (96,7%), destacando-se a dificuldade em conciliar as vidas, profissional e pessoal (81,1%), a insatisfação salarial (76,7%) e a elevada carga de trabalho (73,3%). Por fim, observa-se que a maioria (63,2%) tem exame com a Medicina de Trabalho pelo menos de dois em dois anos, mas apenas 28,9% tem a perceção do trabalho realizado pelo Técnico de Higiene e Segurança e somente 26,7% refere ter tido formação relacionada com os seus riscos laborais. Conclusão Uma amostra pequena de 90 indivíduos divididos em três classes profissionais de caraterísticas diversas e questões que não conseguiram abarcar todas as respostas possíveis poderão ter enviesado os resultados do tratamento estatístico; pois se em algumas situações se encontraram relações entre variáveis concordantes com a bibliografia ocupacional para a generalidade das profissões e em sintonia com a experiência clínica dos autores, noutros casos ocorreu o oposto. Entre as diversas relações estatísticas evidenciadas destacam-se as associações entre o sexo feminino, o stress e a existência genérica de sintomas associados ao trabalho; assim como as associações entre exercer como Médico Veterinário, sentir stress laboral por conflito com os clientes e estar exposto a acidentes por corte/ picada com objetos potencialmente contaminados. Este estudo serviu como ponto de partida para uma primeira caraterização sumária deste setor, sendo obviamente desejável um estudo de maior dimensão, com questões mais abrangentes e melhor estruturadas.