Programa de exercício físico e hipertensão resistente: estudo exploratório da perceção dos participantes

A Hipertensão Arterial (HTA) é uma doença crónica caraterizada pelos níveis elevados de Pressão Arterial (PA), representando a principal causa reversível das Doenças Cardiovasculares (CV), que são responsáveis por cerca de um terço da mortalidade e da morbilidade em Portugal. No caso em que os valor...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Diniz, Filipa (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/28608
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/28608
Description
Summary:A Hipertensão Arterial (HTA) é uma doença crónica caraterizada pelos níveis elevados de Pressão Arterial (PA), representando a principal causa reversível das Doenças Cardiovasculares (CV), que são responsáveis por cerca de um terço da mortalidade e da morbilidade em Portugal. No caso em que os valores de PA não diminuem com a estratégia farmacológica para o tratamento de HTA, considera-se o diagnóstico de HTA resistente (HTAr). Os pacientes diagnosticados com HTAr podem beneficiar da prática regular de exercício físico resultando na diminuição da PA. A relação entre os sintomas ansiogénicos e/ou depressivos e a HTA tem sido estudada, e apesar dos resultados inconsistentes esta relação tem sido evidenciada. Para além do exercício físico ser recomendado a pacientes com HTAr, este é também benéfico para a redução da ansiedade e depressão. Este estudo tem como objetivos a análise dos efeitos preliminares de um programa de exercício físico em pacientes com HTAr e a exploração das perceções dos participantes relativamente ao mesmo. Este estudo está inserido num projeto de investigação mais alargado intitulado “Papel do Exercício Físico no Tratamento da Hipertensão Resistente”, que consistiu em analisar os efeitos de um programa de exercício físico para pessoas com HTAr, com a duração de três meses. Os participantes foram metodicamente selecionados para a constituição do grupo experimental (treino de exercício) e o grupo de controlo (tratamento usual). As variáveis referentes à PA e à sintomatologia ansiosa e depressiva foram recolhidas antes e após o programa. De seguida, foram conduzidas entrevistas semiestruturadas em grupo focal, para explorar a perceção dos participantes relativamente ao programa e à prática de exercício. Os resultados de natureza quantitativa demonstraram uma diminuição da PAS (Pressão Arterial Sistólica) (p=0,017) em 72,7% dos participantes, da PAD (Pressão Arterial Diastólica) (p=0,027) em 68,2% participantes e da sintomatologia depressiva (p=0,007) em 65,2% participantes. Relativamente à análise das entrevistas emergiram cinco categorias: 1) principais impactos após a participação no programa de exercício físico; 2) facilitadores à adesão ao programa de exercício físico; 3) barreiras percebidas à prática de exercício físico; 4) perceção quanto à estrutura do programa de exercício; e 5) satisfação global com o programa. Esta análise mostrou que vários participantes identificaram mudanças positivas no seu bem-estar físico e emocional depois do programa, havendo uma diminuição do stress e irritabilidade no seu dia-a-dia além da diminuição da PA. A adesão ao programa de exercício físico foi facilitada, de acordo com os participantes, pelo acompanhamento profissional e personalizado, pelo compromisso de comparecer aos treinos e a disponibilidade de horários. Por outro lado, os participantes referiram a falta de motivação, falta de companhia, limitações na saúde física e dificuldade em conciliar horários como barreiras à continuação da prática de exercício físico. Concluiu-se que os benefícios percebidos pelos participantes são importantes indicadores para a adesão ou continuação da prática de exercício físico, não desvalorizando as barreiras percebidas. Este estudo tem uma abordagem inovadora por focar a análise da perceção dos próprios participantes, indo além dos dados clínicos quantitativos.