Resumo: | Introdução: A coriorretinopatia posterior placóide sifílitica aguda (CPPSA) é uma manifesta- ção rara de sífilis ocular caracterizada por uma lesão macular de formato placóide, provavelmen- te relacionada com a resposta imunológica ao agente infeccioso, no entanto a patogénese per- manece desconhecida. Através de uma abordagem diagnóstica multimodal os autores pretendem caracterizar as alterações coriorretinianas verificadas na CPPSA, bem como propor um modelo patogénico para esta manifestação de sífilis. Métodos: Estudo retrospectivo relativo a uma série de casos, composta por 3 doentes (4 olhos) avaliados no nosso Serviço por perda súbita de acuidade visual (AV), com consequente diagnóstico de CPPSA, confirmada serologicamente. O processo diagnóstico e seguimento clínico incluíram: estudo laboratorial, angiografia fluoresceínica (AF), angiografia com verde de indocianina (ICG), tomografia de coerência óptica spectral-domain (SD-OCT) e autofluorescência (FAF). Resultados: Os 4 olhos estudados, apresentaram uma lesão macular placóide, caracterizada por: impregnação tardia na AF, hipofluorescência tardia mosqueada na ICG e hipoautofluorescência mosqueada na FAF. As imagens de SD-OCT revelaram ausência da linha correspondente à jun- ção dos segmentos internos e externos dos fotorreceptores em todos os planos correspondentes à placa macular. Ao 3o mês de seguimento, todos os casos apresentaram recuperação da AV e normalização tomográfica da retina. Conclusão: Os achados tomográficos, angiográficos e de autofluorescência são suficientemen- te característicos de CPPSA para permitirem o seu diagnóstico. A melhoria clínica gradual e completa verificada, sugere que a patogénese da CPPSA pode resultar de disfunção metabólica temporária do complexo epitélio pigmentado da retina-fotorreceptores. É importante conhecer os sinais multimodais de CPPSA, pois esta pode ser a única manifestação detectável de doença sifilítica activa.
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