Summary: | Introdução: A prevalência da diabetes mellitus em doentes paliativos tem tendência a aumentar. As estratégias de controlo metabólico dirigidas a valores alvo atualmente preconizadas para a população em geral são desadequadas para doentes em fim de vida e põem em causa os princípios de bem-estar e qualidade de vida, por colocarem o foco na prevenção de complicações a longo prazo. As questões neste contexto são inúmeras. Qual o valor alvo de controlo metabólico adequado? O controlo da doença baseado na HbA1C mantém-se aceitável? Que fármacos preferir nestes doentes? O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sobre o controlo e tratamento da diabetes mellitus em doentes em fim de vida. Métodos: Pesquisa em Novembro de 2019 de artigos de revisão, estudos observacionais, artigos de opinião e diretrizes, com os termos palliative care e diabetes mellitus, publicados nos últimos 10 anos em inglês, espanhol e português, nas bases de dados Medline/PubMed, National Institute for Health and Care Excellence (NICE) e Science- Direct. Resultados: Na abordagem da diabetes mellitus num doente em fim de vida, é imperativo o enfoque na prevenção de complicações agudas devido a hipoglicemia ou hiperglicemia. A maioria dos estudos refere que o controlo de HbA1C é pouco relevante em doentes em fim de vida. A pesquisa de glicemia capilar deve ser reduzida ou abolida e no caso de ser realizada, devem ser tolerados valores entre 108 e 270 mg/dL se a esperança média de vida for de meses, e valores de 180-360 mg/dL se a esperança média de vida for de semanas ou dias. Na definição da estratégia terapêutica é necessário individualizar medidas em função dos perfis do doente e cuidador, no sentido de simplificar esquemas. Devem considerar-se as características farmacocinéticas e farmacodinâmicas de cada fármaco, efeitos secundários e potencial de hipoglicemia. A dieta deve ser liberalizada conforme o gosto.
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