Resumo: | INTRODUÇÃO: A fibrilhação auricular é a arrítmica cardíaca mais frequentemente encontrada na prática clínica, conferindo um aumento do risco tromboembólico. A anticoagulação oral diminui o risco de acidentes vasculares nestes pacientes, no entanto está associada a um aumento do risco hemorrágico. O objectivo deste trabalho é quantificar o risco hemorrágico e a taxa de eventos hemorrágicos associados à anticoagulação oral na nossa população e validar na amostra duas escalas de previsão de risco hemorrágico. METODOLOGIA: Através de uma metodologia epidemiológica analítica foi realizado um estudo retrospectivo, numa amostra de 101 pacientes seleccionados aleatoriamente, para obter a validação de dois modelos de previsão de risco hemorrágico. Foram incluídos pacientes com fibrilhação auricular a realizar tratamento com anticoagulantes orais. Os eventos primários foram os episódios hemorrágicos major, nos quais se incluem hemorragia intracraneana, hemorragia gastrointestinal e necessidade de transfusão de pelo menos duas unidades de concentrado eritrocitário, por hemorragia cuja relação se estabeleceu com a anticoagulação oral. RESULTADOS: Foram observados 0.87 eventos hemorrágicos major por 100 pacientes-ano, dos quais 0.35 atribuíveis a HGI, 0.17 a transfusão sanguínea e 0.35 a AVC hemorrágico. O tempo médio para a sua ocorrência foi de 1345.8 dias. Utilizando os critérios dos modelos de Shireman e de Gage, observou-se não existir concordância entre as taxas de hemorragia previstas por estes modelos e as observadas neste estudo. CONCLUSÕES: Um passo evolutivo com base na evidência necessita de ser dado, para que novos estudos acrescentem uma maior capacidade preditiva do risco hemorrágico.
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