Summary: | A tese debruça-se sobre a captação do fugaz e do vazio partindo primeiramente para a análise a obras pioneiras, nomeadamente no campo pictórico, como as de William Turner e Gaspar Friedrich, que faziam a captura das condições atmosféricas, para a obtenção da substância gasosa e colocavam o homem numa posição contemplativa e angustiante pelo desconhecido. Seguidamente o estudo da tese recai sobre o contexto histórico-cultural do século XX, que aborda o conceito para o espaço e anti-espaço, através de obras como a de Malevitch com a experiência pura do mundo sem objecto através do aniquilamento e perda total de limite e de Mies Vander Rohe que procura cingir completamente o ambiente envolvente com o espaço de habitar, na casa farnsworth, como apoteose da frase "quase nada". Obras estas que contribuíram, dentro dum contexto do século XX, já mais contemporâneo, para a expansão por todos os campos artísticos, na música, na dança, na literatura, no cinema, dos valores de procura do anti-espaço e vácuo, através de composições de pausa contínua e repetição ilimitada. A consolidação do vazio e do imaterial na contemporaneidade dá-se através duma consciencialização, aceitação e aplicação dos elementos do fugaz, sobretudo e primeiramente no oriente, onde a forma de percepcionar o espaço foi desde sempre virada para a captação de um ambiente metafísico e de um cenográfico intemporal num determinado espaço, em vez, de se limitarem à concepção de espaços que pudessem ser claramente percebidos e utilizados como no ocidente. Estas captações atmosféricas são sempre abordadas espacialmente mas de formas distintas, tanto no trabalho de Kazuyo Sejima, que projecta vazios, espaços frígidos e abstractos, numa constante procura da eliminação da barreira tangível do espaço, projectando ambientes de grande frescura e leveza que se cingem totalmente com a envolvente e se relacionam com o corpo numa aparente levitação; como no trabalho de Hiroshi Sugimoto que testa os limites tangíveis a partir de fotografias, que capturam conceitos, através do plano claro-escuro, das sombras e da luz na superfície, num trabalho de quarta-dimensão, evitando sempre fotografar o concreto; como ainda na dança-teatral dos Sankai Juku que encarnam numa pausa intemporal constante, corpos brancos e decadentes num espaço todo preto, entidades ausentes num anti-espaço, um vazio total. O vazio, o sobrante, fugaz e o decadente, constituem-se assim como características espaciais essenciais para a constituição do espaço urbano e para o Arquitecto contemporâneo que após uma consciencialização da sua importância na caracterização da cidade, chega à conclusão que o imperativo deixa de ser o construído que passa a adoptar uma posição secundária de aceitação em detrimento da ostentação e protagonismo do vazio.
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