Summary: | A vitimação múltipla infantojuvenil tem sido objeto de extensa pesquisa internacional pela relevância da avaliação do impacto no desenvolvimento de crianças e jovens. A parca pesquisa nacional justifica o desenvolvimento deste trabalho, que se inicia com uma revisão da literatura no tema, seguindo-se um estudo empírico. Nesse estudo pretendeuse a compreensão da vitimação múltipla infantil e juvenil junto de uma amostra de jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, dividido em dois grupos (com e sem acompanhamento psicológico), os quais responderam ao Questionário de Vitimação Juvenil (JVQ). Este mesmo instrumento foi igualmente aplicado aos responsáveis legais dos jovens de modo a obter-se uma avaliação por heterorelato da experiência de vitimação dos jovens. Os resultados indicaram que há uma experiência frequente dos jovens de situações de violência, destacando-se os crimes convencionais entre os que são mais experienciados e a vitimação sexual como menos comum. A experiência cumulativa de violência existe, comprovando-se a vitimação múltipla infantil e juvenil e a polivitimação. Estes fenómenos não são necessariamente mais comuns em população com sinalização clínica revelando que este problema está largamente extendido à população na faixa etária analisada, não existindo diferenças significativas entre os jovens quando comparadas as tipologias de violência, a vitimação múltipla ou a polivitimação. Os dados fornecidos pelos pais corroboram com as tipologias de crimes mais e menos frequentes (Convencional vs. Sexual) experienciadas pelos filhos. Os valores para a vitimação múltipla confirmam a existência do fenómeno. A polivitimação é assinalada como mais comum no grupo clínico. Importa alertar para o fenómeno da vitimação múltipla infantil e juvenil visando uma avaliação e intervenção mais eficazes junto desta população.
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