Abuso sexual intrafamiliar : orientações para a participação da criança no sistema judicial

O presente estudo tem como objetivo primordial perceber, partindo da perspetiva dos psicólogos que trabalham na área forense, como prevenir a vitimação secundária que frequentemente advém do envolvimento da criança vítima no contexto jurídico, nos casos de abuso sexual intrafamiliar. Assim, junto de...

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Bibliographic Details
Main Author: Rodrigues, Inês Sarmento (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/15167
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/15167
Description
Summary:O presente estudo tem como objetivo primordial perceber, partindo da perspetiva dos psicólogos que trabalham na área forense, como prevenir a vitimação secundária que frequentemente advém do envolvimento da criança vítima no contexto jurídico, nos casos de abuso sexual intrafamiliar. Assim, junto destes profissionais, procurámos recolher dados que nos permitissem identificar sugestões para otimizar as condições de participação da criança no processo judicial e minorar o seu eventual impacto negativo. Para a prossecução dos objetivos supracitados, revelou-se mais adequada a adoção de uma metodologia de natureza qualitativa. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas a uma amostra constituída por 9 psicólogos, com idades compreendidas entre 26 e 40 anos e com experiência no contacto regular com processos de abuso sexual de crianças no contexto familiar. O material empírico resultante das entrevistas foi analisado através de procedimentos de tratamento e análise de conteúdo, tendo por base a metodologia da Grounded Theory. Os resultados obtidos sugerem a existência de inúmeras fragilidades na intervenção dos profissionais de justiça e dos psicólogos com crianças vítimas de abuso sexual, alertando para a falta de preparação específica dos profissionais, que está na origem de abordagens desadequadas e revitimizadoras da criança. Além disso, o sistema judicial apresenta-se impreparado para acolher a criança, sendo apontada a necessidade de se readaptarem os espaços e a condução das inquirições, para se prevenir a vitimação secundária. Contudo, os resultados apontam para uma maior sensibilidade dos profissionais na readaptação das suas abordagens e para uma maior consciência da necessidade de uma intervenção articulada e multidisciplinar, apoiada na formação especializada na área da vitimação infantil. No futuro, julgamos ser importante a aposta na criação de uma rede de trabalho colaborativo, inter e pluridisciplinar e um maior investimento na formação, especialização e supervisão dos profissionais envolvidos na intervenção judicial junto de crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar.