Summary: | As motivações que suscitaram a realização deste projecto inscreveram-se num conjunto de preocupações advindas da nossa prática laboral (ensino do 1º CEB), ao constatarmos que, embora recaia sobre a escola a responsabilidade de incluir todos os alunos, independentemente das suas características sociais, culturais ou étnicas, promovendo o seu sucesso escolar e o seu bem-estar social, tal nem sempre acontece. Este facto é particularmente evidente no caso das crianças de etnia cigana, que vivem frequentemente situações de exclusão escolar, as quais, por sua vez, conduzem ao insucesso e/ou abandono escolar. Por outro lado, acreditamos que o bem-estar das crianças na escola passa, entre outros factores, pela promoção da relação escola-família, potencialmente diluidora das distâncias que afastam o universo escolar – com a sua lógica, organização e cultura específica – do universo familiar de muitas crianças. Assim sendo, este projecto tem por objectivo promover a aproximação entre três famílias de etnia cigana e a escola básica que os seus filhos/educandos frequentam, na tentativa de contribuir para a diminuição das barreiras à inclusão escolar e social deste conjunto de indivíduos. Tratando-se de um estudo do tipo Investigação Participativa, realizado numa escola do 1º ciclo do ensino básico, pudemos trabalhar em sinergia com os familiares dos alunos ciganos, com os professores e com elementos da instituição que lhes dá apoio social, o Centro Social Infantil. As técnicas de investigação utilizadas foram a entrevista semi-estruturada e os Focus Groups. No decorrer do trabalho, apercebemo-nos de que os professores daquela escola, no geral, assumem que os alunos e famílias ciganas não se envolvem de forma idêntica à das outras famílias, entendendo que são prejudicados por isso. Reconhecendo a necessidade de estreitar essa relação, colocam sobre as famílias a responsabilidade de tal não acontecer, por entenderem que não valorizam a escola e não possuem competências adequadas. Em consequência, não tem havido, por parte da escola, um esforço promotor da relação escola-família. Por outro lado, os indivíduos ciganos não tinham, inicialmente, ideias formadas sobre a importância dessa relação, o que parece ter-se alterado de alguma forma no decorrer dos Focus Groups realizados. Acreditamos que, embora este projecto possa não ter solidificado atitudes, decerto terá estimulado algumas mudanças, que gostaríamos de ver ter continuidade.
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