Resumo: | A transição para a aposentação é responsável por um inevitável processo de adaptação à mudança (Fonseca, 2011). Todas as reestruturações internas e externas acabam por ter reflexos não só nos indivíduos que a protagonizam, mas também no relacionamento conjugal, de acordo com a perspetiva sistémica, ecológica ou de rede familiar. O projeto REATIVA visa estudar este fenómeno, no sentido de promover a saúde em indivíduos, casais e famílias neste período de transição. Objetivos Conhecer as vivências percecionadas pelos casais, num processo de adaptação à aposentação. Conhecer os recursos e vulnerabilidades do subsistema conjugal e individual para fazer face às alterações percecionadas, durante o processo de adaptação à reforma. Metodologia Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, baseado em entrevistas semi-estruturadas realizadas com 9 pares conjugais, em que pelo menos um dos membros do casal estivesse aposentado há menos de cinco anos. Os participantes foram recrutados nas Unidades de Saúde da Região Centro. Respeitaram-se os procedimentos ético-legais inerentes à investigação. A análise de conteúdo das entrevistas foi feita tendo por base o programa QRS International NVivo10®. Resultados As evidências indicam que a passagem à aposentação exerce uma efetiva mudança naquele que é o processo de vivência conjugal. Da análise das entrevistas observamos que esta transição origina os seguintes resultados. Os casais necessitam de enquadrar a sua história de vida conjugal, referindo-se às expectativas e idealizações prévias à reforma. Depois, referem-se às mudanças, recursos e vulnerabilidades presentes no momento da aposentação, sendo este tido como o ponto crítico. Em seguida, fazem um retrato da sua conjugalidade atual (o que fazem, o que sentem), voltando às forças, individuais, conjugais e da rede de apoio, e às vulnerabilidades. Delineiam expectativas para o futuro e, sentindo-se peritos, tecem recomendações que afirmam serem úteis para casais que venham a viver esta transição. Conclusões Ainda que singulares, segundo expressam, os casais percecionam uma mudança que remete para a adaptação a novas funções, sentimentos e formas de viver a conjugalidade na transição para a aposentação. Na Família, em geral, esta transição é também entendida como uma mudança que, dada a fase do ciclo vital em que se encontra (meia-idade), origina a necessidade de reaprendizagens diversas na forma de estar, ser e sentir de cada um dos seus elementos. Os recursos individuais, conjugais e da rede informal e formal são aspetos importantíssimos a ter em conta na melhor adaptação à situação de aposentação.
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