Influência dos fatores psicossociais na eficácia do tratamento da infertilidade

Introdução: A infertilidade é um problema cada vez mais presente na nossa sociedade, com uma prevalência crescente nos últimos anos. Sendo uma interação de causas multifatoriais, aliadas a grande exigência e sofrimento pessoal, é imperativo adotar uma visão integrada segundo o qual os processos físi...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pereira, Beatriz Ferreira de Almeida e Sá (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.6/10680
Country:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/10680
Description
Summary:Introdução: A infertilidade é um problema cada vez mais presente na nossa sociedade, com uma prevalência crescente nos últimos anos. Sendo uma interação de causas multifatoriais, aliadas a grande exigência e sofrimento pessoal, é imperativo adotar uma visão integrada segundo o qual os processos físicos estão intimamente relacionados com os sociais e psicológicos. Objetivos: Com este estudo pretende-se identificar os fatores que contribuem para a eficácia do tratamento da infertilidade, tendo em conta não só a parte clínica, mas também a componente psicossocial. Métodos: Estudo retrospetivo de 278 casais seguidos em consulta de Infertilidade na Unidade de Medicina Reprodutiva do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB), nos anos de 2015 a 2018. Foram recolhidos dados a respeito das causas da infertilidade, dos tratamentos efetuados e a sua eficácia, para cruzar com sintomas psicológicos clinicamente relevantes e avaliar o stress inerente à sua condição, através do Brief Symptom Inventory (BSI) e Inventário de Problemas de Fertilidade (IPF). A análise estatística foi efetuada através do SPSS. Resultados: Os casais estariam a tentar engravidar há uma média de 2,59 anos. 33,7% têm infertilidade secundária, sendo que em cerca de metade dos casos ocorreram abortamentos. A etiologia feminina é mais prevalente (27%) em comparação com a masculina (23%) e em 15% dos casos não se consegue encontrar a causa da infertilidade. O tratamento mais eficaz foi a fertilização in vitro (32,9%). Os distúrbios emocionais, como Somatização, Depressão, Ansiedade e Ansiedade Fóbica são significativamente mais prevalentes nas mulheres, assim como a Preocupação Social e Sexual. A Necessidade de Parentalidade e a Rejeição do Estilo de Vida Sem Filhos são os fatores que mais preocupam ambos os elementos do casal. Conclusão: Verificou-se que a componente psicossocial do casal influencia o processo de tratamento da infertilidade, com impacto no seu resultado. Sintomas como Depressão, Ansiedade, Hostilidade, Ansiedade Fóbica e Ideação Paranóide foram superiores em mulheres que não engravidaram após o tratamento, assim como em homens, estando o negativismo associado portanto a resultados desfavoráveis em ambos os sexos. A necessidade e o desejo que os casais inférteis têm em se tornarem pais é significativamente maior em casais com tratamentos bem-sucedidos. Para a mulher, a somatização está relacionada com o abortamento; enquanto para o homem a preocupação sexual e com o relacionamento está associada à etiologia masculina e a menores probabilidades de dar à luz.