Relógios de sol : a geometria do tempo

No primeiro capitulo, reflectimos sobre a concepção e a medição do Tempo. Apesar dos múltiplos dispositivos empregues, tradicionalmente, na medição do tempo â?? como as ampulhetas, as velas e as lamparinas graduadas de azeite â?? durante mais de vinte séculos, o relógio de sol foi, na história da hu...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Pinto, Luís Filipe Gasparinho Marques, 1957- (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2017
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/11067/2981
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ulusiada.pt:11067/2981
Descrição
Resumo:No primeiro capitulo, reflectimos sobre a concepção e a medição do Tempo. Apesar dos múltiplos dispositivos empregues, tradicionalmente, na medição do tempo â?? como as ampulhetas, as velas e as lamparinas graduadas de azeite â?? durante mais de vinte séculos, o relógio de sol foi, na história da humanidade, o instrumento mais fiável da medição do tempo. O relógio mecânico e o relógio de sol foram contemporâneos e, de alguma forma, cúmplices, durante mais de cinco séculos da história europeia. Os cronómetros eram pouco fiáveis e, por isso, revelava-se absolutamente necessário acertar-se, sistematicamente, os relógios mecânicos pelos relógios de sol. Em 1 880, os irmãos Piene e Jacques Curie descobriram que uma lâmina de quartzo, colocada no vácuo, vibra 32 758 vezes por segundo. Esta descoberta esteve na origem da indústria do relógio a quartzo, decorridos 90 anos. Em 1 967, o conceito do "segundo" sofreu uma alteração profunda â?? deixou de ser uma fracção (1/86 400) do dia solar médio para passar a ser o período de tempo em que o átomo de césio 133 completa 9192631770 oscilações. O segundo capítulo, que constitui o corpo central da dissertação, é iniciado com a enumeração dos principais tipos de relógio de sol. Em cada subcapítulo, é feita a apresentação de um tipo específico de relógio de sol, descrevendo-se as suas características gerais, o seu funcionamento ao longo do dia e ao longo do ano e exemplifica-se como se determina as linhas de hora, por processos exclusivamente geométricos. No capítulo três, discorremos sobre a importância actual dos relógios de sol, do ponto de vista simbólico, histórico e científico. Ã? a hora solar que rege o ritmo da vida à superfície da Terra. O homem moderno é a única espécie que vive à margem dos ritmos da Natureza, emparedado num tempo meticulosamente constante, artificial e convencionado. Os relógios mecânicos, de quartzo ou atómicos, anunciam um tempo progressivamente mais digital e menos biológico, dissecado em fracções cada vez menores, em total ruptura com a hora solar e o ritmo natural terrestre. Pelo contrário, os relógios de sol, pela sua relação directa com o astro que rege a vida no nosso planeta, conferem ao tempo uma dimensão cósmica. Do ponto de vista histórico, analisando, criteriosamente, os instrumentos de medição do tempo a partir do movimento do Sol no firmamento, poderemos avaliar o nível de desenvolvimento científico dos respectivos povos, principalmente no que diz respeito à Astronomia e à Matemática â?? duas áreas estruturantes do conhecimento, sobretudo no passado. Do ponto de vista científico, o funcionamento, a concepção e a construção de relógios de sol permite-nos adquirir e consolidar conhecimentos, entre outras áreas, de astronomia, matemática, geometria, perspectiva e design. A conclusão principal a que chegámos é que os relógios de sol deixaram de ser úteis, no cumprimento restrito da sua função, ao homem contemporâneo, que dispõe de tecnologia cada vez mais sofisticada para medir o tempo, de acordo com regras que ele mesmo convenciona. Actualmente, não é o objecto, enquanto instrumento de medição do tempo, que nos fascina, mas sobretudo o objecto, enquanto lugar de confluência de saberes. Acima de tudo, interessa-nos o relógio de sol como símbolo cósmico e, a outro nível, como laboratório de matemática, trigonometria e geometria.