Summary: | Diversos sinais não verbais (e.g., expressões faciais e corporais, vocalizações) coordenam a vida social e desafiam as nossas competências emocionais para os interpretar. A gargalhada e o choro são vocalizações emocionais não verbais, cuja interpretação é fundamental para discriminar o estado afetivo e intenções de outras pessoas. Estudos anteriores sugerem que maior contágio emocional e empatia se relacionam com uma melhor capacidade de descodificar a autenticidade emocional de gargalhadas (i.e., autênticas ou não autênticas). O presente estudo analisou, pela primeira vez, esta relação no contexto da descodificação de autenticidade de gargalhadas e do choro (i.e., vocalizações positivas e negativas), combinando medidas comportamentais e psicofisiológicas. Um total de 70 participantes avaliou os níveis de autenticidade emocional de gargalhadas e choros autênticos e não autênticos, respondendo a dois questionários de autorrelato: a Escala de Contágio Emocional (ECS) e o Índice de Reatividade Interpessoal (IRI). As medidas psicofisiológicas incluíram a Atividade Eletrodérmica (EDA) e a Eletromiografia Facial (fEMG), dos músculos Zigomático Maior (ZM), Orbicular "Oculis" (OO) e Corrugador do Supercílio (CS). Os resultados evidenciaram que os participantes com maior tendência para o contágio emocional de emoções negativas (na ECS), apresentam um melhor desempenho na deteção de autenticidade da gargalhada e do choro. Maiores respostas eletromiográficas no ZM e OO estão associadas a uma melhor deteção da autenticidade de gargalhadas. Os estímulos autênticos provocaram maiores respostas psicofisiológicas (EDA, ZM e OO) do que os não autênticos. Estes resultados contribuem para compreender melhor o processamento emocional de estímulos vocais ao nível do reconhecimento de autenticidade.
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