Summary: | Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico, numa perspetiva de articulação entre as Unidades Curriculares de Seminário de Investigação Educacional e de Prática Pedagógica Supervisionada e, enquadra-se nas temáticas do Pensamento Crítico (PC) e do Género. Definimos como objetivo central apelar ao PC em crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico, sobre questões de género, com o propósito de fazer o levantamento das suas conceções nestas questões e ainda verificar a existência ou não de diferenças destas conceções entre alunos pertencentes a famílias nucleares e a famílias monoparentais. Relativamente às questões de investigação, foram formuladas duas: Quais os contributos das atividades desenvolvidas explicitamente promotoras de PC nas questões de género: (i) nas conceções dos alunos?; (ii) nas capacidades de PC dos alunos? Para dar resposta às questões foram desenvolvidas e implementadas atividades que promovessem explicitamente o PC no âmbito das questões de género, em crianças do 1.º CEB. A implementação decorreu numa turma do 4.º ano de escolaridade, com quatro crianças (duas meninas e dois meninos) com 9 e 10 anos de idade. Este estudo enquadra-se num paradigma socio-crítico, onde é utilizada uma abordagem de natureza qualitativa. Recorremos a um planeamento de estudo de caso e a diferentes técnicas e instrumentos de investigação, designadamente, atividade de levantamento de capacidades de PC (inicial e final), registos dos alunos, áudio-gravação das atividades implementadas, entrevista semiestruturada efetuada às crianças e questões orientadoras para discussão/debate em grupo. Os dados recolhidos permitiram caraterizar as representações das crianças, as quais revelaram a presença de alguns estereótipos de género: apresentavam uma perceção em função da divisão tradicionalista dos papéis sociais em função do sexo, que ao longo das sessões se foi esbatendo. Observou-se ainda que houve desenvolvimento de algumas capacidades de PC, tendo as crianças pertencentes a famílias monoparentais apresentado resultados mais satisfatórios nas capacidades em relação às crianças de famílias nucleares. Destes resultados pode-se concluir que as atividades implementadas, de um modo geral, contribuíram para o uso de capacidades de PC e para a desconstrução de algumas conceções relacionadas com o género. Todavia, a dificuldade na compreensão da temática em estudo pode ter influenciado o uso de algumas capacidades de PC. As atividades implementadas representaram um contributo, ainda que modesto, para a promoção das capacidades de PC. Uma implicação para este estudo tem a ver com a necessidade destas temáticas terem de ser mais explicitamente ensinadas desde o 1.º CEB.
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