Erat simplicis ingenii: A deposição de Garcia da Galiza vista pelos cronistas dos séculos XII e XIII

Garcia, filho mais novo de Fernando I (1038-1065) e de Sancha de Leão (1038-1067), foi contemplado com o reino da Galiza na divisão dos reinos promovida pelo pai. Ao fim de cinco anos de reinado, em 1071, foi preso pelo seu irmão Afonso, rei de Leão, que se torna rei da Galiza. Garcia passa o resto...

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Bibliographic Details
Main Author: Gomes,Maria Joana (author)
Format: article
Language:por
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-740X2018000100007
Country:Portugal
Oai:oai:scielo:S1646-740X2018000100007
Description
Summary:Garcia, filho mais novo de Fernando I (1038-1065) e de Sancha de Leão (1038-1067), foi contemplado com o reino da Galiza na divisão dos reinos promovida pelo pai. Ao fim de cinco anos de reinado, em 1071, foi preso pelo seu irmão Afonso, rei de Leão, que se torna rei da Galiza. Garcia passa o resto da sua vida encarcerado, acabando por morrer na prisão em 1090. A prisão e deposição de Garcia foram assuntos abundantemente revisitados pelas crónicas leonesas e castelhanas medievais desde o século XII. Contudo, é sobretudo no século XIII que os cronistas ibéricos começam a tecer justificações mais sólidas para os eventos ocorridos em torno desta transmissão de poder anómala. Este artigo pretende analisar os argumentos evocados pelos cronistas do século XII de forma a justificar a deposição de Garcia da Galiza, para depois avançar para o estudo do mesmo tema nas mais importantes crónicas ibéricas em latim do século XIII, o Chronicon Mundi, de Lucas de Tui, e De Rebus Hispaniae, de Rodrigo de Rada. Partindo do estudo dos argumentos aduzidos pelos dois cronistas tentar-se-á perceber as implicações ideológicas que a construção discursiva deste episódio tem no sistema de valores políticos que caracteriza os textos mencionados