Os navios portugueses afundados pela arma submarina alemã na Grande Guerra

Em 1916 a jovem República Portuguesa requisita os navios alemães e austro-húngaros que se encontravam surtos nos seus portos continentais, insulares e ultramarinos. Com isso a Alemanha declara guerra e Portugal entra oficialmente na Grande Guerra ao lado dos Aliados. Não só se oficializava um confli...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ribeiro, Jorge Miguel Russo (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2019
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/37279
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/37279
Description
Summary:Em 1916 a jovem República Portuguesa requisita os navios alemães e austro-húngaros que se encontravam surtos nos seus portos continentais, insulares e ultramarinos. Com isso a Alemanha declara guerra e Portugal entra oficialmente na Grande Guerra ao lado dos Aliados. Não só se oficializava um conflito que desde 1914 confrontava os dois países em terras africanas, como se colocava na mira da arma submarina alemã, sem restrições, o conjunto de navios que navegava sob pavilhão português, agora significativamente adicionado pela requisição. O afundamento do Douro e do Cysne em 1915, deixariam de constituir casos isolados para integrarem a realidade quotidiana da navegação sob pavilhão português na Grande Guerra, inclusivamente da comercial. Mas quantos e quais os navios de pavilhão português que foram efetivamente afundados pelos submersíveis alemães na Grande Guerra? Parecia uma pergunta de resposta simples, até porque Portugal apurou este quantitativo com o objetivo de quantificar a indemnização a apresentar à Alemanha na Conferência de Paz de Paris em 1919. Adicionalmente, muitas foram as listas que foram produzidas para responder precisamente a esta mesma pergunta, algumas das quais muito recentemente (2016). No entanto, quando cruzámos todos os dados provenientes de todas as listas produzidas cuja existência conseguimos detetar, cedo se tornou clara a extensão e a complexidade da inexatidão e incongruência do conjunto. O conjunto dos dados compilados, agregados e analisados mostraram uma extensa lista de problemas: datas diferentes para o mesmo afundamento, navios com nomes diferentes que eram afinal o mesmo navio, navios com o mesmo nome tidos como um navio que afinal eram dois navios, submersíveis erradamente responsabilizados por afundamentos, até navios que pura e simplesmente não foram afundados de facto. Tornou-se assim claro que era enorme a empresa que teríamos que realizar para responder com a maior acuidade possível à nossa pergunta primeira, e que teríamos que recorrer a fontes primárias para o despiste, correção, adição e/ou subtração, com vista à produção de uma lista de navios que navegando sob pavilhão português foram afundados por submersíveis alemães durante a Grande Guerra. Uma vez que estamos seguros em graus diferentes relativamente aos dados das diferentes entradas da nossa lista, sentimos a necessidade de atribuir um Índice de Robustez a cada uma, para que o leitor possa saber de imediato quão seguro estamos quando indicamos os dados constantes da lista para cada entrada, ou seja, para cada navio afundado. Por fim, com uma lista de navios afundados constituída por 116 navios, ainda que afirmados com segurança diferenciada, como vimos, era necessário analisar que impacto tiveram estas perdas na marinha comercial de pavilhão português, ou seja, saber da sua dimensão relativa. Com enormes problemas de resolução dos quantitativos respeitantes à nossa marinha de comércio, agravados pela ausência de registo conhecido, nacional ou internacional, para os anos de 1917 e 1918, extrapolámos simplisticamente a ausência e concluímos que as perdas podem não ter excedido os 21% no número e 14% na capacidade.