Resumo: | Objetivo: A presente dissertação tem como objetivo investigar o conhecimento e compreensão dos adultos sobre as definições de atividade física (AF) e comportamento sedentário (CS). Os objetivos secundários são determinar a associação entre o nível de conhecimento destes conceitos e o tempo despendido em CS e AF, bem como com a idade, escolaridade, tempo de sono, o facto de ter um amigo ou familiar que trabalhe na área da saúde ou exercício e ainda com o índice de massa corporal (IMC), assim como verificar diferenças entre sexos. Método: A dissertação está dividida em duas partes. A primeira é uma revisão sistematizada sobre a compreensão, conhecimento e perceção de adultos sobre os conceitos de AF e CS. A pesquisa foi realizada em duas bases de dados, a PubMed e a SPORTDiscus. Foram encontrados 1347 artigos, sendo que 9 cumpriram os citérios de inclusão e foram considerados na revisão. A qualidade dos estudos foi avaliada através dos critérios EPPI, tendo 4 estudos sido avaliados com a máxima qualidade, ou seja, elevada fiabilidade e elevada utilidade. A segunda parte é uma investigação observacional transversal sobre o conhecimento, destes mesmos conceitos e a sua associação com as variáveis supramencionadas em 300 adultos de língua portuguesa. Foi criado um questionário que mediu o conhecimento dos participantes por via de scores (score total, score da AF e score do CS) que eram pontuados a cada resposta correta (1 ponto). Os scores de conhecimento foram associados às variáveis da idade, AF, CS, nível de escolaridade, IMC, horas de sono, amigo ou familiar ligado à saúde ou exercício e comparados entre sexo. A análise estatística foi realizada em SPSS (v. 25.0). A comparação entre grupos foi realizada através da análise One-way ANOVA, as associações entre duas variáveis contínuas foram realizadas por via de correlações e regressões lineares, e associações entre variáveis contínuas e variáveis categóricas foram realizadas através de regressões logísticas e coeficiente de Spearman. Um p-value<0,05 foi considerado significante. Resultados: A revisão demonstrou que muitos participantes interpretam AF como exercício ou como atividades mais intensas. O CS foi interpretado como estar sentado ou não fazer nada, sendo por vezes associado a dormir. A investigação original demonstrou que os participantes sabiam diferenciar AF de exercício físico (64.3%) e que o CS incluía, para além de estar sentado, também estar deitado (72.7%) e não incluía dormir (95.3%). Não foi encontrada diferença no conhecimento entre sexos ou níveis de escolaridade. Não foi encontrada associação entre conhecimento e nível de AF ou CS (p>0,05). Maior idade (p=0.007) e IMC (p=0.034) estão associados a um menor conhecimento. Participantes com mais horas de sono (+5h) tinham um maior conhecimento (p<0.05), tal como os participantes que tinham alguém próximo (familiar ou amigo) na área do exercício ou saúde (p=0.018). Conclusões: A interpretação dos conceitos de AF e CS difere. A AF ainda é várias vezes entendida apenas como exercício físico. O comportamento sedentário parece ser melhor percecionado, uma vez que tem menos conceitos com os quais poderá ser confundido. Os participantes da investigação original pareceram demonstrar mais conhecimento que os participantes da revisão. No entanto, é necessário ter em conta que esta era uma amostra de elevado nível de escolaridade. As duas questões, no artigo original, que geraram mais respostas erradas estão relacionadas com as recomendações sobre AF da Organização Mundial de Saúde e com a classificação do estar em pé como AF, indicando que estes dois temas necessitam de uma atenção especial aquando da transmissão de informação ao público.
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