Summary: | Este estudo tem como objectivo conhecer e interpretar a dimensão feminina e masculina da parentalidade na adolescência e os seus impactos a médio prazo. Especificamente, pretende-se com esta investigação captar a pluralidade de situações escondidas sob uma mesma designação, contrariando a tendência de grande parte dos estudos que abordam a parentalidade na adolescência como um percurso de vida (feminino) idêntico para todos os que o experimentam: necessariamente problemático e negativo, um “acidente” indesejado. Assim sendo, a pesquisa pretende desconstruir ideias feitas sobre a linearidade da parentalidade na adolescência, evidenciando a diversidade de percursos que podem ser experimentados. Para cumprir os objectivos mencionados, recorre-se a uma metodologia qualitativa de tipo intensivo. O corpo empírico deste trabalho é constituído por 20 entrevistas semi- -directivas aplicadas a mães e pais adolescentes que tiveram um primeiro filho até aos 19 anos. Para a constituição da amostra usou-se a técnica “bola de neve”. Na análise das entrevistas usou-se o método proposto por Marc-Henry Soulet (in Monteiro, 2005), que se baseia, entre outros aspectos, em não ter categorias a priori mas construí-las de forma indutiva. Através da análise do material empírico, chegou-se à construção de cinco ideais-tipo de parentalidade na adolescência: cooperante, desprotegida, autónoma, frágil e demitida. O olhar a médio prazo que atravessa o estudo, a visibilidade dada aos pais adolescentes e a identificação de ideais-tipo que configuram a diversidade de experiências de parentalidade na adolescência resultam nas principais inovações deste trabalho, permitindo antever linhas de pesquisa para o futuro.
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