Summary: | Consideram-se eventos adversos (EAs), as ocorrências indesejáveis que causam dano, quer por ato quer omissão, decorrentes sempre de tratamento, não estando relacionados com a doença. Não implicam erros ou atitudes negligentes, podem ser evitáveis ou inevitáveis e podem ser causadores de danos físicos ou meros transtornos do fluxo de tratamento, com perda da eficiência e aumento dos custos (Fragata, 2012). De acordo com Castilho (2014) EA é um efeito não desejado decorrente dos cuidados de saúde. O estudo das práticas preventivas e a ocorrência de EAs associados à prática de enfermagem, foi durante muito tempo centrado na descoberta do "culpado" e na sua punição, gerando sentimentos de culpa, vergonha e medo o que contribuiu para a sua omissão. Segundo Uva, Sousa e Serranheira (2010) só se pode prevenir o que se conhece e apontam taxas de incidência de EAs nos hospitais de 4%-16%, com repercussões clínicas, económicas e sociais. Afirmam ainda, que 50% a 70% dos EAs são preveníveis, pelo que as instituições devem desenvolverem nos profissionais uma cultura de qualidade. perceção dos enfermeiros sobre a ocorrência/risco de ocorrência de eventos adversos?" desenvolveu-se um estudo quantitativo, descritivo-correlacional. A amostra foi constituída por 87 enfermeiros de unidades de internamento de medicina e cirurgia de um centro hospitalar da região centro do país. O instrumento de colheita de dados foi um questionário, cuja a primeira parte permitiu a colheita de informação sociodemográficos e profissionais da amostra e a segunda incorporou a Escala de Eventos Adversos Associados às Práticas de Enfermagem (EAAPE),i desenvolvida e validada por Castilho e Parreira (2012). Tem sido preocupação da instituição onde o estudo foi desenvolvido, a definição de estratégias na área da segurança dos cuidados, e de facto os resultados da investigação mostram que os profissionais estão sensibilizados e encaram-na como um caminho a percorrer. Assim, na subescala das práticas de enfermagem escala EAAPE os enfermeiros revelaram perceção de melhores práticas nas dimensões: prevenção de UPP, quedas e higienização das mãos. Na subescala dos EAs verificou-se que os enfermeiros mostraram menor perceção de ocorrência/risco de EAs nas dimensões delegação inapropriada, défice de advocacia e erros de medicação. Relativamente à avaliação da perceção geral da ocorrência de EAs, concluiu-se que a maioria dos enfermeiros consideram que nunca ou raramente a ocorrência de EAs associados às práticas de enfermagem compromete a segurança do doente. No entanto, houve um número significativo de enfermeiros que afirmou que frequentemente ou sempre os EAs associados às práticas de enfermagem podiam ser evitados. As dimensões higienização das mãos, advocacia dos doentes, privacidade e confidencialidade, preparação da medicação, prevenção de UPP, prevenção de quedas, falhas na vigilância da medicação e vigilância dos doentes da subescala perceção dos enfermeiros do cumprimento de práticas de enfermagem preventivas, estão associadas com as variáveis socioprofissionais: idade, habilitações profissionais, tempo de exercício profissional, tipo de serviço onde desempenham funções e terem ou não formação sobre EAs. Os resultados mostraram haver relação entre a perceção que os enfermeiros têm sobre ocorrência/risco de EAs e idade, habilitações profissionais e local onde exercessem funções.
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