Estudo da interacção do fungo saprófita Hypholoma fasciculare com microrganismos filamentosos e seu efeito no crescimento de plantas de castanheiro

Hypholoma fasciculare é um fungo saprófita-lenhícola muito comum nos povoamentos de Castanea sativa na região do nordeste transmontano. Nos últimos anos, esta espécie tem sido explorada como agente de controlo biológico, por ser muito combativa contra espécies patogénicas. O presente trabalho tem co...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pereira, Eric Carvalho (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2011
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10198/5899
Country:Portugal
Oai:oai:bibliotecadigital.ipb.pt:10198/5899
Description
Summary:Hypholoma fasciculare é um fungo saprófita-lenhícola muito comum nos povoamentos de Castanea sativa na região do nordeste transmontano. Nos últimos anos, esta espécie tem sido explorada como agente de controlo biológico, por ser muito combativa contra espécies patogénicas. O presente trabalho tem como objectivo geral avaliar o potencial do H. fasciculare como agente de controlo biológico; e o efeito da sua aplicação nos fungos ectomicorrízicos bem como nas plantas de castanheiro e no processo de micorrização pelo Pisolithus tinctorius. A avaliação do potencial do H. fasciculare como agente de controlo biológico, foi efectuada em condições in vitro pelo método da cultura dupla. O fungo H. fasciculare inibiu significativamente o crescimento dos patogéneos Armillaria mellea e Phytophthora cambivora, e dos fungos micorrízicos Suillus luteus e Pisolithus tinctorius. Os mecanismos adoptados pelo H. fasciculare foram “antagonismo e agonismo à distância”, respectivamente para as espécies patogénicas e micorrízicas. Neste processo parecem intervir enzimas líticas, como a amilase, celulase, lacase e lipase, produzidas pelo H. fasciculare. Observaram-se ainda alterações morfológicas no H. fasciculare possivelmente com o intuito de se tornar mais resistente à invasão da espécie interactuante e/ou mais invasivo. Pelo contrário, nas co-culturas com Amanita gemmata e Colletotrichum acutatum o crescimento de H. fasciculare foi inibido; e com P. cinnamomi e S. bovinus não se observaram diferenças de crescimento para as espécies interactuantes. O efeito da aplicação de H. fasciculare nas plantas de castanheiro e no processo de micorrização pelo P. tinctorius foi avaliada em condições de estufa. As plantas inoculadas com P. tinctorius apresentavam um maior crescimento e níveis foliares de azoto, fósforo, clorofilas (a, b e total) e carotenóides face às plantas não inoculadas. O efeito positivo da micorrização foi contudo suprimido pelo fungo H. fasciculare quando aplicado simultaneamente com P. tinctorius. Este resultado poderá estar relacionado com a inibição da micorrização das raízes pelo H. fasciculare e/ou pela competição entre o P. tinctorius e o H. fasciculare por nutrientes, nomeadamente azoto. O efeito deletério de H. fasciculare não se verificou quando aplicado nas plantas isoladamente ou 30 dias depois da inoculação com P. tinctorius. Os resultados obtidos evidenciam xiv uma interacção antagónica entre fungos ectomicorrízicos e saprófitas com repercussões ao nível do crescimento e fisiologia da planta.