Resumo: | O objetivo central da presente dissertação é a análise da obra náutica do Padre Francisco da Costa. Este mestre Jesuíta viveu na transição do século XVI para o XVII, onde estudou inicialmente em Coimbra na Companhia de Jesus e posteriormente em Lisboa. Já após a instauração da União Ibérica, o Padre Costa desenvolveu a sua atividade inte-lectual, dedicando-se ao ensino no Colégio de Santo Antão em Lisboa, até à sua morte prematura em 15 de dezembro no ano de 1604. Personagem com enorme dedicação ao ensino assumiu a titularidade da cadeira “Aula da Esfera”, em 1602, no Colégio de Santo Antão, em substituição de João Delgado. As aulas que professava compreendiam o ensino de Astrologia, Náutica, Geografia, Hi-drografia, que abrangia a descrição das marés e zonas costeiras, noções de Cosmografia, através do Tratado da Esfera e a construção e uso de globos. Face a este contexto, iniciaremos a nossa análise com um apontamento biográ-fico sobre este mestre Jesuíta, onde pretendemos relatar os principais momentos da sua curta vida, dando enfoque a todas as circunstâncias, em ambiente interno como ex-terno, que o rodearam e tiveram influência no modo de compreender a náutica. Quanto ao estudo em si, deste professor, existem quatro Tratados e numerosos manuscritos espalhados por diversas bibliotecas, na qual procuraremos verificar e ana-lisar. A maioria destes manuscritos encontram-se na British Library, no National Mari-time Museum (Greenwich) e na Biblioteca da Ajuda em Portugal, contudo, o programa das lições de Francisco da Costa é muito próximo do programa do Regimento do Cos-mógrafo-Mor, mas dando mais extensão e profundidade às matérias. Finalmente, em relação ao principal tratado do Padre Costa, a Arte de Navegar, estamos na presença de uma obra náutica, que na época, veio ao encontro das necessi-dades sentidas na preparação de bons pilotos, visto que, até ao final do século XVI ape-nas existiam na bibliografia náutica portuguesa os guias náuticos impressos no início daquele século, os Livros de Marinharia contendo compilações realizadas pelos pilotos e o Regimento Náutico publicado por João Baptista Lavanha, enquanto Cosmógrafo-mor, já no final do século.
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