Resumo: | O transporte é um elemento central das cidades, pois permite o movimento de pessoas e de bens e, simultaneamente, ocupa uma superfície significativa da própria cidade (Thomson, 1977). As elevadas densidades de residentes, emprego e atividades econômicas, que caracterizam as áreas urbanas, têm promovido o consumo e a procura de transporte, sendo que o seu atual modelo de procura, centrado no transporte individual motorizado, tem gerado impactos negativos, tais como congestionamento, sinistralidade rodoviária, poluição atmosférica e sonora, excessivo consumo de recursos naturais finitos, entre outros. Por outro lado, vários movimentos de planeamento urbano têm procurado o desenvolvimento de territórios e comunidades mais sustentáveis, inclusivas e, dessa forma, proporcionar melhor qualidade de vida aos seus residentes. Um deles, o Movimento Cidades Saudáveis, considera que a saúde dos indivíduos é também influenciada pela sua envolvente, ou seja, pelas condições de vida, de trabalho, de ambiente físico e socioeconômico, sendo que o transporte, a acessibilidade e a mobilidade por ele proporcionadas têm constituído um elemento central para a concretização daqueles objetivos. Da relação entre esses dois domínios – transporte e cidades saudáveis – surgem frequentemente a debate três problemas: a motorização excessiva, a sinistralidade rodoviária e a poluição causada pelo transporte. O presente capítulo tem como objetivo compreender de que forma aqueles problemas têm sido considerados nas políticas e intervenções no âmbito do Projeto Cidades Saudáveis em Portugal.
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