“Um arrojo na desmedida”: a centralidade de Angola em António Jacinto e Ruy Duarte de Carvalho

António Jacinto (1924-1991) ensaiou uma estética vanguardista com forte ressonância no discurso simbólico, linguagem metafórica, pouco comum nos poetas da sua geração, geração da “Mensagem”. A preocupação na sua obra foi retratar a sociedade angolana, tanto a urbana quanto a rural. A poesia estava i...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Santos, Fernanda (author)
Formato: bookPart
Idioma:por
Publicado em: 2017
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10451/28619
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/28619
Descrição
Resumo:António Jacinto (1924-1991) ensaiou uma estética vanguardista com forte ressonância no discurso simbólico, linguagem metafórica, pouco comum nos poetas da sua geração, geração da “Mensagem”. A preocupação na sua obra foi retratar a sociedade angolana, tanto a urbana quanto a rural. A poesia estava inserida em um tempo de mudanças, a necessidade de impor a sua voz contra a repressão colonial fazia com que os temas políticos e sociais prevalecessem. Tendo em mente a centralidade de Angola na obra de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010), as suas viagens revelam-se bastante complexas, como em Vou lá Visitar Pastores (1999) e Actas da Maianga – dizer das guerras em Angola (2003). Mesmo em romances como Os Papéis do Inglês (2000) e As Paisagens Propícias (2005), a viagem no texto e a viagem do texto sobrepõem-se e confundem-se, mantendo entre elas uma relação constante mas sempre ambígua, numa escrita que se configura como o lugar através do qual o sujeito se reúne com os outros seres humanos. Ruy Duarte de Carvalho continua o diálogo com a corrente modernista, de que António Jacinto foi também precursor: os que estabeleceram, nos anos cinquenta, os movimentos culturais que tinham como lema "vamos descobrir Angola" e que viam no modernismo um estímulo para se libertar do modelo colonial português, nas palavras de Ruy Duarte, "um arrojo na desmedida".