A telemedicina em Portugal no contexto epidémico de Covid-19: um retrato de teleconsulta sob o ponto de vista dos médicos

Em Portugal, a saúde e as tecnologias de informação e comunicação caminham de mãos dadas há mais de duas décadas (Centro Nacional de Telesaúde, Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, 2019). Com a chegada da pandemia provocada por Covid-19, a inovação nos modelos de cuidado foi determinante par...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rodrigues, Mariana Laura Carrasco (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2022
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10362/134714
Country:Portugal
Oai:oai:run.unl.pt:10362/134714
Description
Summary:Em Portugal, a saúde e as tecnologias de informação e comunicação caminham de mãos dadas há mais de duas décadas (Centro Nacional de Telesaúde, Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, 2019). Com a chegada da pandemia provocada por Covid-19, a inovação nos modelos de cuidado foi determinante para a continuação da prestação dos serviços saúde, em particular nos centros de saúde. Embora se tenha vivido tempos de incerteza e instabilidade, a pandemia potenciou o desenvolvimento da telemedicina, trazendo a debate a importância das interações pessoais, da relação e da comunicação entre o médico e os utentes durante as consultas à distância. Os estudos mostram que a telemedicina veio para ficar (Malhotra, Sakthivel, Gupta et al., 2020; Orazem, Oblak, Spanic et al., 2020), contudo a investigação sobre a implementação da teleconsulta e sobre os respetivos desafios de comunicação ainda está numa fase inicial, pelo que a informação sobre o impacto das tecnologias na relação terapêutica ainda carece de muito estudo. Por essa razão, é cada vez mais importante perceber a percepção de todos os atores envolvidos neste processo. Através de uma perspetiva no âmbito da comunicação estratégica (Broom & Sha, 2013; Falkheimer & Heide, 2018; Grunig & Grunig, 2000), esta dissertação propõe uma análise das perceções dos médicos de Medicina Geral e Familiar do Sistema Nacional de Saúde, com o objetivo de compreender os desafios e oportunidades da adoção da teleconsulta nos cuidados de saúde primários, durante o surto epidémico em Portugal. O estudo oferece uma análise qualitativa temática de entrevistas semiestruturadas realizadas a alguns médicos de família do Agrupamento de centros de saúde do Grande Porto, de Matosinhos e de Lisboa Ocidental e Oeiras. Os desafios assinalados pelos profissionais foram analisados para a compreensão dos principais riscos e limitações técnico-funcionais, comunicacionais e organizacionais, que podem estar a impactar as interações com os utentes. Através da mesma metodologia foram analisadas as principais oportunidades assinaladas pelos profissionais, com o objetivo de identificar estratégias eficazes para a implementação da teleconsulta em Portugal. Os resultados deste estudo mostraram fortes limitações ao nível da comunicação não-verbal, da baixa literacia e das fracas competências comunicacionais dos utentes, que, atualmente, não possibilitam a prestação de cuidados de saúde primários eficazes. Ao nível das unidades de saúde, as limitações institucionais e organizacionais foram algumas das barreiras mais apontadas à implementação da teleconsulta. O caminho para o reconhecimento da teleconsulta como ferramenta sustentável, segura e de qualidade é ainda longo. Ainda assim, as preocupações e sugestões apontadas pelos médicos representam um ponto de partida para a construção de um plano estratégico de implementação da teleconsulta em Portugal, capaz de ter em conta as exigências salientadas pelos profissionais de saúde.