Análise genética da cardiomiopatia hipertrófica na morte súbita cardíaca : a importância da autópsia molecular

A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a doença cardíaca hereditária mais comum, com uma prevalência de 1:500 na população em geral. Caracteriza-se por hipertrofia ventricular esquerda de causa inexplicada e apresenta grande variabilidade na expressão clínica, morfológica e genética. A CMH é uma das...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Mascarenhas, Alexandra Isabel Correia (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2011
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10316/30900
Country:Portugal
Oai:oai:estudogeral.sib.uc.pt:10316/30900
Description
Summary:A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a doença cardíaca hereditária mais comum, com uma prevalência de 1:500 na população em geral. Caracteriza-se por hipertrofia ventricular esquerda de causa inexplicada e apresenta grande variabilidade na expressão clínica, morfológica e genética. A CMH é uma das causas mais comuns de morte súbita cardíaca, especialmente entre jovens e atletas. Apresenta um padrão de transmissão autossómico dominante, com mais de 1000 mutações identificadas, especialmente em genes que codificam proteínas do sarcómero. A morte súbita cardíaca (MSC) define-se como a morte que ocorre geralmente dentro da primeira hora desde o início dos sintomas, devido a uma causa cardíaca subjacente. Nas últimas décadas tornou-se claro que doenças hereditárias cardíacas estão muitas vezes na base da MSC do jovem, sendo as cardiomiopatias e as arritmias cardíacas as patologias mais relevantes associadas a este evento trágico. Em muitos casos a causa de morte pode ser estabelecida, no entanto, numa percentagem significativa de casos de MSC, a causa de morte, mesmo após um exame postmortem rigoroso, permanece por esclarecer. Futuramente, a autópsia molecular poderá estar formalmente indicada para vítimas de morte súbita com autópsia negativa ou com doenças hereditárias cardíacas detectáveis, diminuindo a percentagem de casos com causa de morte indeterminada e permitindo o aconselhamento genético a familiares em risco. O presente trabalho tem como objectivo a avaliação da possibilidade de realizar um estudo retrospectivo das autópsias negativas ou com evidências de cardiomiopatia hipertrófica em vítimas previamente assintomáticas, realizadas no Instituto Nacional de Medicina Legal e avaliar a possibilidade de implementação da autópsia molecular, em futuros casos de morte súbita nestas situações. Através da aplicação de uma tecnologia recente, que permite o rastreio mutações conhecidas associadas à CMH, baseada na espectrometria de massa MALDI-TOF semi-automática, utilizando o sistema Sequenom MassARRAY, foram detectadas mutações em algumas vítimas. No entanto, não foi possível a sua confirmação por sequenciação automática. Uma vez que a qualidade do DNA é muitas vezes um factor limitante em estudos retrospectivos de MSC, em que a única fonte de material biológico disponível são amostras de tecido fixado em formalina e embebido em parafina, torna-se necessário o desenvolvimento de um protocolo com as delegações forenses, com o objectivo de obter amostras de sangue ou tecido fresco, para futura análise molecular nestas situações. O teste genético proposto permite proporcionar um rastreio rápido de mutações nos genes mais frequentemente envolvidos na MSC de jovens, com uma boa relação custo/benefício.