Resumo: | O território concede a cada lugar um carácter único e a sua constituição física, torna-se a matriz dos seus desenvolvimentos históricos. As linhas de festo, de vale e os pontos notáveis que caracterizam a topografia estão na base dos percursos e dos assentamentos humanos e, portanto, da construção da cidade e da sua arquitetura. Desde o princípio da existência do homem, podemos considerar que cada construção ou intervenção do mesmo no território, corresponde à materialização de uma necessidade. São gestos que vão dar origem às marcas do ser humano no território, algumas muito duradoras. Ao analisarmos essas marcas, tornamse claros os diferentes tempos do mesmo lugar. É possível olhar para o território como um palimpsesto, onde as necessidades emergentes são materializadas, “reescrevendo” sobre as intervenções existentes no sítio, correspondentes às necessidades de uma sociedade anterior. Propõe-se olhar para este tema, tentando analisar de que forma é que as diferentes camadas dos diversos tempos, se informam mutuamente, contribuindo para o trabalho do arquiteto, de que forma se materializa esta influência na estrutura e arquitetura de um sítio e entender, de que forma se imprime num projeto, a ancestralidade do território. Esta análise tem um olhar mais atento sobre a zona do nó da Estrada Nacional 3, em Vila Nova da Rainha, no concelho da Azambuja, onde é possível notar a reunião e materialização de infraestruturas e arquitetura influenciadas por diferentes tempos e necessidades inerentes aos mesmos. O projeto para o Rancho Folclórico de Vila Nova da Rainha pretende interpretar a reunião destes diferentes tempos, tentando recuperar a génese dos primeiros assentamentos deste lugar na materialização de um projeto que tem em vista a reunião da comunidade da Vila.
|