Summary: | As grutas artificiais 1 e 2 de São Paulo (Almada) foram utilizadas como sepulcros colectivos durante os 4º e 3º milénios AC. Ainda que ambas se encontrassem destruídas, particularmente a gruta 1, a análise do espólio ósseo humano recuperado permitiu inferências relevantes sobre os indivíduos ali depositados, particularmente para a gruta 2. Na gruta 1, foram contabilizados um número mínimo de 7 indivíduos, incluindo 3 não adultos. Entre estes últimos, estão incluídos indivíduos que terão falecido com cerca de 4, 5 e 10 anos. A escassez do material ósseo e a sua fraca preservação não permitiram mais inferências. Um número mínimo de 255 indivíduos foi identificado na gruta 2, incluindo indivíduos de ambos os sexos e de várias faixas etárias. Diversos indicadores morfológicos, como o achatamento dos fémures ( =76.7; n=56) e o ângulo do colo femoral (125.75º) sugerem uma elevada mobilidade para estes indivíduos. A sua estatura média é de 158.7 (n=28) obtida com base no 2º metatarsiano, inserindo-se nos valores obtidos para séries coevas. Destaca-se ainda a frequência de dois ossículos supranumerários do pé, o calcaneum secundarium e os trigonum, observados, respectivamente, em 12% e 9.3% dos calcâneos (n=67) e talus (n=86) recuperados. No âmbito da análise paleopatológica sobressai a presença de três indivíduos adultos com sinais de trepanação e casos de patologia congénita na coluna vertebral e nos ossos do pé.
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