Summary: | A criação tornou-se criador? Ao jeito da Ilíada de Homero ou do Touro Enraivecido de Scorsese, a entrada em cena da internet na história do marketing aconteceu in medias res. Enquanto área de gestão e comunicação, o marketing possuía há muito os seus pilares, as suas técnicas e os seus vícios, mas o aparecimento e principalmente a massificação da internet alteraram completamente as bases da disciplina e do marketeer. A web 1.0 trouxe consigo novidades e tendências para o marketing, mas foi a transição para o 2.0 que despoletou uma autêntica revolução. Daí em diante, o cliente passou a ser o foco, os conceitos e estrangeirismos adensaram-se, o raio de ação do marketeer alargou-se e o online passou a mera formalidade no meio de tanto potencial tecnológico. Os social media servem como epítome desta realidade web, desdobrando-se numa interação feita em esteroides, em comunidades, com conteúdos, partilha e muitas trends como as selfies, os emojis ou os challenges. Em evolução constante, os traços de uma terceira era da internet são já sentidos em diversas esferas e são várias as características revolucionárias associadas ao conceito. A otimização da procura através da web semântica, a utilização de wearables, a realidade virtual (aumentada, mixed e afins) e a ascensão de robôs são algumas das características que moldam esta web. As potencialidades em termos de monitorização, personalização, automação e ubiquidade afiguram-se como incríveis para os marketeers, sendo da maior pertinência compreender as hipotéticas mudanças que as ferramentas da web 3.0 podem precipitar no marketing hodierno. Para o efeito, foram realizadas entrevistas exploratórias a marketeers, professores e outros partícipes associados às problemáticas da web e do marketing, pretendendo-se aflorar o estado atual da internet, os desafios para os marketeers, a influência das ferramentas 3.0, a forma como as mudanças serão sentidas no online e o conflito entre os aspetos humanos e tecnológicos. A investigação confirmou a eminência da web 3.0 e uma desadequação gritante em termos de competências dos marketeers para encarar um futuro exigente. O estudo permitiu também compreender os entraves à atual massificação do 3.0, verificar muitas das alterações – positivas e negativas – a ocorrer nos social media e, no fundo, centrar o debate no trade-off entre os benefícios advindos da tecnologia e o preço a pagar quando nos tornamos servos de algo que criamos.
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