Resumo: | Os concheiros de Muge (centro de Portugal), descobertos por Carlos Ribeiro em 1863, são uma incontornável referência para a Arqueologia pré-histórica portuguesa e europeia. Os 150 anos de trabalhos arqueológicos resultaram na descoberta de mais de 300 esqueletos. Número que fortalece a importância desta coleção para o estudo das comunidades mesolíticas europeias. Maioritariamente devido às metodologias e investigações desenvolvidas no fim do século XIX e início do século XX, o conhecimento acerca das práticas funerárias destas populações é muito reduzido. Os dados são escassos e encontram-se dispersos por uma vasta literatura, nem sempre consistente, mas sabe-se que as sepulturas registadas neste complexo mesolítico são maioritariamente individuais e com algum material registado. Dos vários concheiros que formam este complexo mesolítico, apenas o Cabeço da Arruda, o Cabeço da Amoreira e a Moita do Sebastião apresentavam dados suficientes para um estudo de variabilidade mortuária que teve como objetivo principal elucidar características-chave do comportamento funerário destas sociedades. A Moita do Sebastião é o que aparenta ter uma maior complexificação quanto à organização espacial dos enterramentos, sendo que esta análise indicou algumas diferenças inter e intra-sítio, podendo ser um reflexo de uma diferenciação na organização das populações do vale do Tejo. O Cabeço da Arruda, a Moita do Sebastião e o Cabeço da Amoreira, embora partilhem características comuns relativamente aos enterramentos e de uma intencionalidade quanto aos mesmos, apresentam também algumas claras variações que indicam que estas sociedades não devem ser vistas como um grupo homogéneo.
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