| Resumo: | As consequências das alterações climáticas e os progressivos congestionamentos nos centros urbanos, resultantes do aumento da dependência do uso do automóvel, contribuem para a diminuição da qualidade de vida da população urbana. Para reverter esse quadro é necessária a atuação ativa do estado, devidamente enquadrada nas políticas de mobilidade internacionais. De entre as estratégias de promoção da mobilidade sustentável, o incentivo à utilização dos modos suaves de transporte nas deslocações diárias (pendulares), é uma das mais promissoras. Para adoção de medidas eficazes, é preciso identificar os principais fatores que propiciam a utilização destes modos de transporte e adequar os espaços urbanos de modo a minimizar as dificuldades existentes. Para o caso particular das cidades de encosta, este desafio é ainda mais complexo, pois a inclinação acentuada é um dos principais fatores que dificultam a incorporação da mobilidade suave pela população. A proposta deste estudo é oferecer ferramentas de apoio à decisão, possibilitando a identificação dos locais com potencial para a utilização dos modos suaves de transporte considerando as inclinações das vias. Para esta análise são consideradas como variáveis a localização dos polos geradores de viagens, a densidade populacional e as características da rede viária, como a inclinação longitudinal da via, a classificação viária e a existência de passeios. O tratamento, representação e análise destas variáveis é efetuado com recurso a um conjunto de ferramentas de geoprocessamento disponíveis nos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permitindo a sua combinação atráves de uma análise multicritério espacial. Esta análise tem como objetivo obter um resultado que traduza o potencial da infraestrutura viária para a mobilidade pedonal e ciclável (para bicicletas tradicionais e bicicletas elétricas). A agregação dos resultados obtidos para os dois modos é posteriormente usado para definir uma medida de potencial de mobilidade suave das vias. Para a validação do estudo, a metodologia foi aplicada na cidade da Covilhã, que apresenta topografia com inclinações acentuadas. Com os resultados foi possível identificar os potenciais pedonal, ciclável e de mobilidade suave de cada via da área estudada. A análise destes resultados permitiram concluir que com a utilização da bicicleta elétrica há uma diminuição considerável das vias consideradas “sem potencial”, constatando que esta pode ser uma solução viável para a mobilidade suave nas cidades de encosta.
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