Resumo: | A criação de adequados contextos de supervisão pedagógica requerem encontros de supervisores-cooperantes e estagiários que assentam em trocas discursivas entre os participantes. Nestes encontros, em que um dos objectivos é reflectir sobre a actuação na aula e fora dela, o discurso entre os vários interlocutores revela aspectos que são de realçar. No nosso estudo foi possível observar que são normalmente os formadores a iniciar os tópicos, a formular a maior parte das questões e a decidir quem deve tomar a palavra. Os estagiários /formandos remetem-se ao papel de respondentes, deixando-se conduzir pelas preferências discursivas dos seus formadores/interlocutores. Contudo, quando confrontados com a realidade que emana dos dados recolhidos, o discurso do poder ligado à função que desempenham, os supervisores cooperantes reconhecem a necessidade de alterar os seus padrões discursivos, tendo em vista uma distribuição mais equilibrada da palavra, para que aos estagiários seja dada possibilidade e tempo de colocarem questões sobre os conteúdos de reflexão. É nosso objectivo, nesta comunicação, partilhar uma experiência realizada com supervisores cooperantes e respectivos estagiários, ao longo de três anos lectivos, com recurso à investigação-acção como estratégia de formação na área do questionamento. Deste modo, actuou-se sobre as práticas de supervisão, potenciando uma lógica de reflexão crítica desejável sobre o que é dito, como é dito e para que é dito. Apresentam-se alguns resultados que apontam para a pertinência da formação dos supervisores através da reflexão sobre os discursos, concretamente sobre as perguntas formuladas, de modo a permitir o desenvolvimento pessoal e profissional de formadores e formandos.
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