Resumo: | Atendendo à atual prevalência de notícias falsas e à sua velocidade de propagação, torna-se importante explorar estratégias para contrariar a desinformação. O presente trabalho teve como objetivo replicar o efeito da desinformação, e introduzir uma mudança no seu paradigma, na tentativa de corrigir desinformação já codificada. Para tal, utilizámos o paradigma da desinformação, mas usando como estímulos, afirmações plausíveis (adaptadas do paradigma da ilusão de verdade), semelhantes aos títulos de notícias (verdadeiras ou falsas). Os participantes leram um conjunto de afirmações verdadeiras (Experiência 1) ou falsas (Experiência 2), sendo de seguida expostos à sua repetição, às suas contradições e a afirmações novas durante um questionário. Por fim, realizaram uma tarefa de evocação livre. Os resultados da Experiência 1 mostraram que os participantes integraram na sua memória alguma da desinformação introduzida após a codificação das afirmações iniciais, replicando o efeito da desinformação. Os resultados da Experiência 2 replicaram o padrão obtido na experiência anterior. Ou seja, os participantes recordaram algumas das contradições (i.e., informação correta) introduzidas após a codificação da informação original, permitindo a correção de parte da informação falsa inicialmente apresentada. As afirmações novas foram sempre menos recordadas, uma vez que, ao contrário das repetições e contradições, eram menos semelhantes à informação original. Este resultados suportam ideia de que a integração da desinformação na memória se deve a falhas de monitorização da fonte. Globalmente, os resultados dos dois estudos conferem maior validade ecológica ao paradigma da desinformação e sugerem o seu potencial na correção de informação falsa.
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