Perfil clínico e epidemiológico de pessoas com dor de origem músculo-esquelética que recorrem aos serviços privados de Fisioterapia

Introdução: As condições músculo-esqueléticas (ME) constituem a segunda maior causa de anos vividos com incapacidade, manifestando-se pela presença de dor, e em Portugal tem se assistido a um aumento gradual da sua prevalência e carga associada. Embora a Fisioterapia tenha demonstrado ser capaz de g...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Mota, Cristiana (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2022
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.26/42616
Country:Portugal
Oai:oai:comum.rcaap.pt:10400.26/42616
Description
Summary:Introdução: As condições músculo-esqueléticas (ME) constituem a segunda maior causa de anos vividos com incapacidade, manifestando-se pela presença de dor, e em Portugal tem se assistido a um aumento gradual da sua prevalência e carga associada. Embora a Fisioterapia tenha demonstrado ser capaz de gerir este tipo de condições, existe uma lacuna no conhecimento das características de quem recorre aos tratamentos de Fisioterapia no contexto privado, tornando-se assim prioritário conhecê-las de forma a preparar os cuidados de Fisioterapia e os Fisioterapeutas para as necessidades desses utentes. Assim, os objetivos deste estudo foram (1) caracterizar as pessoas com dor ME que recorrem a tratamentos de Fisioterapia na prática privada e (2) ainda analisar as relações entre a intensidade de dor e a saúde ME, qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) e características individuais. Metodologia: Este estudo foi realizado em duas fases. A primeira fase integrou a construção e validação de um questionário de caracterização. A segunda fase foi a realização de um estudo observacional, transversal, integrando uma amostra de indivíduos com dor ME em vários tipos de contexto privado de Fisioterapia e em vários locais em Portugal. A recolha de dados foi realizada com recurso a um caderno de instrumentos autorreportados disponibilizado aos participantes, e com o preenchimento de questões de caracterização dirigidas ao Fisioterapeuta. Para o primeiro objetivo, foi utilizada estatística descritiva, e para o segundo objetivo, os dados foram analisados através do coeficiente de correlação de Pearson e modelos de regressão logística binária. Resultados: O integrou uma amostra de 140 participantes, predominantemente do sexo feminino e com idade média de 47,09 anos; fisicamente inativa, com excesso de peso e com presença de comorbilidades associadas; presença de dor no joelho ou ombro e do tipo nociceptivo; presença de indicadores psicossociais e comportamentos de redução do nível de atividade e participação, sobretudo relacionados com o trabalho e a rotina diária. Verificaram-se associações significativas (p<0,05) entre a saúde ME, a QVRS e os níveis de intensidade da dor, e entre níveis elevados de dor e o sexo, habilitações literárias, agregado familiar, tipo de trabalho, tempo de deslocação à Fisioterapia, tipo de dor, problemas com o sono e presença de indicadores de catastrofização e comportamentos/ estratégias de coping. Conclusão: Este estudo permitiu caracterizar as pessoas que recorrem aos tratamentos de Fisioterapia na prática privada e verificou relações significativas entre múltiplas variáveis, que podem contribuir para que os Fisioterapeutas e serviços de Fisioterapia melhorarem os cuidados prestados, assim como informar a formação dos Fisioterapeutas e decisões de âmbito profissional.