Summary: | Como é que o papel da mulher como guionista em Portugal, a partir dos anos 20, tem influenciado a cultura cinematográfica actual?”, esta é a pergunta central base deste doutoramento e investigação. Pegando em temas ainda pouco explorados academicamente (guionismo, guionistas, mulheres guionistas e mulheres guionistas portuguesas) o que se pretende é trazer nova luz ao estudo dos guiões e da sua linguagem, sua importância para o mundo do cinema e realidades interpretativas que cria, mas mediante um novo enfoque: o da importância do género na escrita de guiões. Na era do cinema mudo e do início dos talkies, o número de mulheres guionistas a trabalhar no cinema norte-americano ultrapassava o número de homens num rácio de dez para um. No entanto, cerca de 1929, este número decresceu súbita e drasticamente. Ainda que em 1940 as mulheres tenham conseguido recuperar terreno na área do guionismo, sendo esta década reconhecida também como uma das épocas áureas das mulheres guionistas, a partir de 1950 assistiu-se a um novo decréscimo na representação da mulher na escrita de guiões nunca se voltando a recuperar o número existente nos primórdios do cinema. Actualmente, a Writers Guild of America West revela que apenas 17% dos guionistas de longas-metragens nos Estados Unidos são mulheres. Pese embora alguma investigação tenha sido realizada nos últimos anos no que diz respeito a mulheres guionistas (particularmente nos Estados Unidos), a grande maioria desta tende a focar-se nos reduzidos números e percentagens encontrados associando-os a preconceitos disseminados relativamente a mulheres, não conseguindo apresentar hipóteses sistematizadas e válidas que possam explicar esta realidade. Adicionalmente, em Portugal, o estudo das mulheres guionistas ainda não foi encetado de forma sistemática. A análise temática relativa à linguagem, guião e mulheres guionistas, bem como o estudo de caso específico de quatro mulheres guionistas portuguesas de duas épocas distintas (Virgínia de Castro e Almeida do início do cinema; Solveig Nordlund, Margarida Cardoso e Teresa Villaverde da contemporaneidade) servirão como alicerce para o estudo de mulheres guionistas em Portugal. Dado que esta área de investigação é ainda quase inexistente a nível nacional, usaremos os estudos desenvolvidos nos Estados Unidos como ponto de partida para encontrar estratégias para a análise do caso português. Como é que o papel da mulher guionista em Portugal tem influenciado a cultura cinematográfica actual? E dentro deste escopo do estudo, impõem-se outras questões relevantes relativas ao mesmo, como sendo a possibilidade de existência de temáticas e géneros favorecidos por mulheres; a discussão sobre a existência ou não de uma escrita, de uma linguagem e de uma sensibilidade feminina; as marcas específicas de cada guionista que podem ser encontradas no seu trabalho; a importância efectiva de um guião e do cinema para as ciências da comunicação e para a criação/formação de cultura e preconceitos.
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