Resumo: | Esta tese propõe uma análise das dinâmicas da etnicidade e da identidade nacional, a partir dos Makonde residentes no bairro Paulo Samuel Kankhomba (PSK), no distrito de Boane, província de Maputo, sul de Moçambique. O material empírico que sustenta essa discussão resulta de doze meses de trabalho de campo no bairro. Durante esse período interagi, entrevistei e convivi com os Makonde residentes no bairro e com algumas pessoas de outros grupos etnolinguísticos. Explorei temas como a formação e povoamento do bairro, a convivência entre os diferentes grupos etnolinguísticos residentes no bairro e observei momentos importantes para os Makonde como os ritos de iniciação, as performances de mapiko e o uso que estes fazem do Shimakonde. Igualmente presenciei algumas reuniões entre a chefia do bairro e a população, assim como alguns feriados. Distancio-me das abordagens essencialistas que concebem a etnicidade e a identidade nacional como entidades estáticas, dadas como adquiridas e inalteráveis ao longo do tempo. Nesse sentido, olho para a etnicidade e para a identidade nacional em sintonia com os tempos e como idiomas que podem existir de forma paralela com outros. Esse posicionamento teórico significa conceber a etnicidade como ferramenta de sociabilidade e interacção entre os indivíduos e não como algo que amordaça os actores sociais dentro das suas fronteiras e que os mantém apenas próximos das pessoas com quem partilham o grupo etnolinguístico. Argumento que a identidade Makonde é um processo ainda em curso e que a sua manifestação é diferente em função do momento sociopolítico e económico. Igualmente, argumento que a etnicidade, assim como a identidade nacional, manifesta-se em momentos específicos e de forma também específica para os Makonde da primeira e da segunda geração.
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