Summary: | A profissão militar é considerada uma das mais stressantes e exigentes a diferentes níveis comparada com as outras profissões, quer pela exposição aos riscos em contextos de combate e guerra, quer pelos deslocamentos recorrentes ou pelas consequências que estas caraterísticas acarretam. Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento das taxas de suicídio nas forças de segurança, sendo duas vezes superior à população civil, bem como um descontentamento generalizado que tem sido evidenciado na diminuição da procura da carreira militar. Desta forma, a investigação tem como objetivo principal compreender e avaliar a forma como a personalidade está associada à experiência de stresse e à experiência de bem-estar, em militares portugueses. O estudo adoptou uma metodologia quantitativa, mais concretamente, num estudo expostfact de cariz correlacional e comparativo, nomeadamente, através do recurso a um conjunto de instrumentos de avaliação das variáveis selecionadas: Questionário de Dados Sociodemográficos, Inventário de Temperamento e Caráter - Versão Curta (TCI-VS), Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS), Escala Breve de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHO-QOL-Brief), Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse (EADS-21), Questionário de Fundações Morais – 30 (QFM-30), Checklist de Perturbação de Stressee Pós-traumático - (PCL-5) e Checklist de Acontecimentos de Vida (LEC-5). Os resultados revelam que militares com elevadas pontuações nas dimensões da personalidade da auto-diretividade e da cooperação apresentam maiores níveis de bem-estar subjetivo e menores níveis de stresse, ansiedade, depressão e de sintomatologia pós-traumática. Paralelamente, parece existir uma relação significativa negativa entre a auto-transcendência e o bem-estar subjetivo, o que não é evidenciado noutros estudos e investigações. A relação negativa entre a auto-transcendência e o bem-estar subjetivo deixa de existir em militares que tenham experienciado um acontecimento traumático em zona de guerra ou combate.
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