Summary: | Esta investigação examina a reportagem na internet, enquanto gênero jornalístico, com foco nos contextos português e brasileiro. A tese em discussão diz que a reportagem encontra-se na sua Quarta Vaga de desenvolvimento, graças à introdução da internet nas redações, num processo transversal a diferentes países ocidentais. Duas hipóteses conduzem o estudo. De um lado, a Quarta Vaga preservaria Fundamentos Partilhados por ciclos inaugurais do gênero. De outro, a Quarta Vaga incorporaria Atributos Singulares inerentes ao novo meio informacional. A reportagem é problematizada pela ótica do produtor, isto é, do repórter. Para tanto, busca-se atingir cinco objetivos: i) Caracterizar a Quarta Vaga nos media noticiosos luso-brasileiros; ii) Mapear os Fundamentos Partilhados e Atributos Singulares; iii) Indicar quais os recursos mais utilizados na produção das peças; iv) Apontar as valências ainda pouco exploradas; v) Revelar os bastidores da reportagem na internet. A pesquisa empírica mobiliza uma lógica de métodos mistos, a partir da estratégia explanatória sequencial, organizada em duas etapas. Na primeira, quantitativa, é feita a análise de conteúdo de 151 reportagens (57 de Portugal e 94 do Brasil) criadas no chamado período de Estabilização (2012-2016) do gênero na rede. Já na segunda, qualitativa, são feitos quatro estudos de caso com base em entrevistas de roteiro estruturado a repórteres portugueses e brasileiros. Ao longo desta pesquisa ainda é utilizado um conjunto de técnicas qualitativas, como a leitura flutuante e a observação ‘não estruturada’, em abordagem comparada, de projetos jornalísticos de vários períodos e países. Os resultados apontam para o crescimento exponencial do número de reportagens criadas em língua portuguesa, com visível partilha de fundamentos e singularização de atributos, transversais a todas as matrizes, em um novo meio informacional. A Quarta Vaga parece se confirmar à medida que o reflexo das suas hipóteses é observado, com maior ou menor expressividade, tanto nas obras analisadas quanto nas vozes dos repórteres. Os dados revelam que a reportagem é assinalada pela preservação de princípios fundadores do gênero e pela articulação de potencialidades da internet, embora nem todos os recursos tenham a mesma força modular na narrativa.
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